Os ingressos para a partida entre Brasil e Bolívia, que será disputada em Belém, no estádio Mangueirão, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, começaram a ser comercializados no último domingo (20). O jogo, marcado para o dia 8 de setembro, às 21h45, marca a volta da Seleção Brasileira ao Pará após mais de uma década.
Para voltar a receber os jogos da Seleção depois de 12 anos, a Federação Paraense de Futebol (FPF) precisou agir e passar por uma verdadeira transformação em sua gestão. Ricardo Gluck Paul, atual presidente da entidade, contou um pouco sobre esse processo.
“O início foi muito duro, muita coisa para reconstruir. Principalmente a imagem da instituição. Mas com o apoio da CBF, que também vive momento de reconstrução, conseguimos ir estabelecendo um processo contínuo de transformação. Toda mudança gera medo e resistência. Hoje podemos dizer que o medo foi substituído por uma esperança imensa de dias melhores. O Futebol Paraense ainda dará muito orgulho a todos, principalmente quando colocarmos nosso projeto em prática, que é consolidar o futebol como verdadeiro vetor de transformação social”, disse o dirigente, que foi chefe da delegação brasileira campeã sub-20.
No processo de reconstrução, a FPF tomou uma série de medidas importantes, com algumas delas em conformidade com o que grandes empresas fazem. Após uma grande briga jurídica em torno da presidência da entidade, a nova gestão apaziguou as relações, voltou a ter uma boa política com a CBF, investiu em transparência e política de compliance, além de apostar em iniciativas inéditas, como por exemplo um campeonato temático de Direitos Humanos.
A edição 2023 do Campeonato Paraense foi diferente das edições anteriores. O estadual deste ano foi temático, com ênfase no respeito, inclusão e combate ao preconceito – gênero, raça, orientação sexual, religião, pessoa idosa ou com deficiência. Durante todo o campeonato, em rodada a rodada, foram realizadas ações de marketing e comunicação sobre temas como machismo, homofobia, xenofobia, sexismo, etarismo, misoginia e capacitismo. Com isso, a FPF buscou conseguir “conversar” com a sociedade e ao mesmo contribuir nas causas sociais.
Para se ter uma ideia do tamanho do buraco que a Federação Paraense se encontrava nos últimos anos, parlamentares criaram em 2012 uma Comissão Externa no Senado Federal para acompanhar a crise institucionalizada na entidade.
Na época, os senadores justificaram no requerimento para criação da Comissão os diversos problemas na FPF: falta de transparência em seus atos, autoritarismo, diversas denúncias de mazelas e falta de alternância na diretoria. Diante disso, o futebol paraense acabou se distanciando da CBF.
Outro fator importante que contribuiu para a volta da Seleção Brasileira ao Pará foi a reforma do estádio Mangueirão, com capacidade para 50 mil pessoas. Ricardo Paulo afirma que a partida terá uma grande importância para o estado.
“Vivemos um momento em que tudo está convergindo (finalmente) para o verde. Para o meio ambiente. Para a sustentabilidade. Receber a estreia da seleção brasileira na floresta é de um significado gigante. Além do mais, não deixa de ser uma justa homenagem a todo esse povo amazônico, nortista, apaixonado por futebol e pela seleção brasileira. Esse povo muitas das vezes esquecido pelas políticas públicas e sociais, mas que jamais perdeu sua identidade com a seleção. Não tenho dúvidas de que será um dos jogos em que nossos atletas se sentirão mais abraçados, amados, idolatrados. O povo nortista é puro amor pelo futebol”, disse o presidente da FPF.
A última partida do Brasil no Pará aconteceu no dia 28 de setembro de 2011, pelo Superclássico das Américas, que terminou com a vitória de 2 a 0 da seleção canarinho sobre a Argentina.
Crédito imagem: Lucas Figueiredo/CBF/Divulgação
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