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Justiça suspende eleições no maior sindicato de árbitros do país por irregularidades

O SAFESP (Sindicato dos Árbitros do Estado de São Paulo) amanheceu com uma bomba. As eleições da entidade, programadas para esta segunda-feira, haviam sido suspensas pela Justiça. A comissão eleitoral resolveu impugnar a chapa “O Safesp é dos Árbitros”, encabeçada por Aurélio Sant’Anna Martins, por ele não morar na capital paulista.

“A comissão eleitoral quis impugnar a minha chapa baseada no artigo 5º do regimento eleitoral de 2003, que proíbe candidatos de fora da cidade de São Paulo, onde fica a sede administrativa do Safesp, de serem candidatos à presidência. E o diretor financeiro, outra inconstitucionalidade, não pode atuar em jogos profissionais. Você tem que dar direito ao associado de participar das eleições da qual ele faz parte. Se o sindicato abrange o estado, não pode impedir uma pessoa de Bauru ou de Presidente Prudente de concorrer às eleições. Foi aprovado em assembleia a retirada da obrigação de o candidato ter que morar em São Paulo. Continuou a obrigação de não atuar em jogos profissionais, mas não para o diretor financeiro. Apenas para os candidatos a presidente e vice”, argumenta o candidato Aurélio Sant’Anna Martins.

Foi com base na alteração feita em 2004 que o juiz Fábio do Nascimento Oliveira, do Tribunal Regional do Trabalho, concedeu a liminar e impugnou as eleições do SAFESP.

“A chapa constituída pelo requerido não deveria ter sido excluída do processo eleitoral em razão de seu presidente não ter domicílio na sede da entidade, assim como em função do diretor financeiro inscrito não se encontrar afastado dos jogos profissionais na função de árbitro ou assistente durante o processo eleitoral”, escreveu o magistrado em sua sentença. Se a decisão for descumprida, a entidade terá de pagar R$ 50 mil.

Martins acusa o atual presidente e candidato à reeleição, Arthur Alves Júnior, de atuar em benefício próprio, e não para os árbitros. “Eles estão dificultando, querem se perpetuar no poder. Ele está como presidente da comissão de arbitragem da Federação Paraibana. Foi registrada só a chapa da atual administração. Eles estavam com pendências em duas assinaturas divergentes, mesmo assim, sábado fomos surpreendidos com a homologação da chapa. Nossa preocupação é por isso, com uma chapa única, votação é por aclamação”, afirmou Sant’Anna.

Para resolver a questão, Sant’Anna pede que seja feita uma comissão eleitoral independente. Até porque a comissão eleitoral atual tem como presidente Bruno de Aquino Godoy, que é filho do atual diretor financeiro da entidade, Jair Godoy, eleito junto com Arthur Alves Júnior.

“Entendemos que eles não querem deixar a gente ir para as eleições porque a probabilidade de eles perderem é tremenda. Os árbitros não aguentam mais a administração atual, que já tem oito anos e está querendo ir para o terceiro mandato. Além da comissão eleitoral independente, pedimos uma administração temporária, porque termina dia 9 o mandato dele”, explica Sant’Anna.

Outra acusação grave contra Arthur Alves Júnior é a de que ele teria assediado árbitras e auxiliares quando exercia cargo na Federação Paulista de Futebol. Uma das que o acusaram, Regildência de Holanda, é candidata a vice-presidente na chapa impugnada pelo SAFESP.

O SAFESP, por meio de sua assessoria de imprensa, rebateu Aurélio Sant’Anna.

“O Aurélio não fala que ele pediu para o Arthur para ele ser indicado pelo SAFESP para o cargo no TJD-SP (Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo) e o Arthur indicou o delegado Olim. O presidente indica quem ele quiser”, afirmou o assessor Edson Campos.

Aurélio não deixou barato e devolveu na mesma moeda: “O cara é mau-caráter, pode escrever se você quiser, o cara é mau-caráter, mentiroso, vagabundo. Nunca aconteceu isso”, disse, enfaticamente.

Sobre o fato de Arthur acumular a presidência do SAFESP e da comissão de arbitragem, o assessor garante que isso é temporário e não o impede de estar sempre presente no sindicato.

“Ele foi posto como interventor na Federação Paraibana de Futebol por conta do escândalo que aconteceu lá. Acabou o período de intervenção e pediram para ele ficar mais um tempo. Mas na semana retrasada ele deu expediente os cinco dias aqui no SAFESP”, informou.

“Quanto ao fato de ele falar que tem assinaturas divergentes, por que eles não pediram um exame grafológico para ver se as assinaturas são verdadeiras ou não?”, questionou o assessor do SAFESP.

Edson Campos não soube responder se há limite para reeleições no SAFESP, nem quando haverá eleições. Apenas disse que não foi levantada ainda a possibilidade de uma comissão independente assumir a presidência do órgão, que ficará vaga a partir do dia 9 de abril. “Isso é uma questão que a Justiça vai decidir. Pode ser que tenhamos até uma eleição antes do dia 8”, analisou.

Com relação ao suposto assédio sexual que Arthur teria cometido com Regildência, Edson Campos mostrou estranheza.

“Seis anos depois do acontecido, ela entra com ação e alega que foi prejudicada? O que eu posso falar é que o Arthur buscou reparação contra essas acusações na Justiça”, afirmou.

Procurado pelo Lei em Campo, o presidente do SAFESP, Arthur Alves Júnior, não foi encontrado.

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