Buscando melhorar o futebol profissional do país, a LFP (Liga de Futebol Profissional Francesa) contará com grupos de trabalho, liderados por presidentes de alguns clubes que disputam o campeonato francês, que estarão focados em quatro temas diferentes: aprimoramento e valorização de produtos, arbitragem, diálogo social e ferramentas regulatórias, e governança.
De acordo com a RMC Sport, apesar da Ligue 1 (Campeonato Francês) ter recebido um enorme destaque nos últimos meses por conta da chegada do craque Lionel Messi a Paris, em transferência do Barcelona para o PSG, a LFP pretende promover e desenvolver ainda mais o seu produto.
Motivado por um grande desejo de reforma, o presidente da entidade organizadora do futebol na França, Vincent Labrune, decidiu criar quatro novos grupos de trabalho para tratar sobre esses temas.
Aprimoramento e Valorização do Produto
Será presidido pelo presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi, e terá a missão de fortalecer a estratégia de desenvolvimento da LFP à nível mundial, que inclui a realização de partidas e a distribuição de direitos de transmissão.
Arbitragem
Será liderado pelo presidente do Nice, Jean-Pierre Rivère, e deverá estreitar as relações entre a LFP e a Federação Francesa de Futebol (FFF) em relação à arbitragem. Importante ressaltar que os árbitros são gerenciados pela federação nacional, mas pagos pela organizadora do campeonato francês.
Além disso, esse grupo de trabalho será responsável por tentar conseguir autorização da International Football Associantion Board (IFAB), órgão que rege as regras do futebol mundial, para transmitir ao vivo o som de árbitros durante as partidas e fazer a gestão do VAR (árbitro de vídeo).
Diálogo Social e Ferramentas Regulatórias
Liderado por Jean-Pierre Caillot, presidente do Reims, será responsável por trabalhar a questão da extensão dos primeiros contratos profissionais dos jogadores de três para cinco anos na França, enquanto os clubes estrangeiros poderão oferecer contratos de longo prazo.
Outros temas como empréstimos e a aplicação de um “limite salarial”, junto do “imposto de luxo” (também conhecido por luxury tax, é a multa para os clubes que excedem o teto salarial), também farão parte da discussão.
Governança
O último e quatro grupo de trabalho, considerado um dos mais importantes, será conduzido por Laurent Nicollin, presidente do Montpellier, e terá a missão de simplificar o papel da LFP – função dos membros, redução do número deles e a distribuição dos papéis destes membros no Conselho de Administração e na Assembleia Geral – e preparar os estatutos para a criação da subsidiária comercial.
Colocado os principais pontos que serão trabalhados pela LFP, o Lei em Campo conversou com especialistas para saber o que eles pensam das ações.
“A implementação de normas de boa governança e transparência é fundamental para o desenvolvimento e valorização do produto. Atualmente, os olhos do mundo estão voltados ao Campeonato Francês devido ao número de estrelas que frequentam essa Liga, portanto, é o momento ideal para expansão e internacionalização da marca. Por outro lado, a discussão sobre o salary cap e luxury tax é bem complexa e controvertida, merecendo um debate bem amplo, com a participação de todos os membros do esporte”, avalia João Paulo Di Carlo, advogado especializado em direito desportivo.
“São mudanças importantes, mas que precisam ser corajosas e atacar verdadeiramente os problemas. Mudar algumas coisas que são sensíveis, como o desequilíbrio competitivo provocado por receitas não padronizadas ou a falta de proteção da arbitragem aos atletas ofensivos. Adaptar o produto vai muito além de reformular a estratégia de venda internacional”, afirma Vinicius Loureiro, advogado especializado em direito desportivo e colunista do Lei em Campo.
Fernando Cezar, administrador especialista em gerenciamento de projetos, vê o movimento como uma estratégia para manter manter a credibilidade da liga, ou até para recuperá-la.
“O futebol francês vem sendo atingido nos últimos anos por alguns eventos externos e internos. Além da crise sanitária e dos problemas relacionados aos direitos de transmissão, a LFP vem sofrendo com criticas relacionadas ao aumento da insegurança nos estádios. Como resposta aos primeiros eventos, medidas foram tomadas pelo governo para tentar reduzir o impacto nos clubes. Por exemplo, neste último dia 22 foi lançada a consulta cidadã sobre os direitos de difusão audiovisual do esporte que vinha sendo organizada por membros da Assembleia Nacional francesa. Com isso, chegou a vez da entidade fazer o que todos esperam dela: gerenciar o futebol profissional do país e fazer com que o mesmo evolua”, ressalta.
Sobre a discussão de ampliação da duração do primeiro contrato profissional dos jogadores, o advogado João Paulo Di Carlo acredita que a medida “pode se tornar inócua em certos casos, tal como ocorre com a legislação brasileira”.
“Isso porque, uma vez presente o elemento da internacionalidade, ou seja, um clube estrangeiro interessado no jogador, será adotada a normativa FIFA, que, no artigo 18 do RETJ, impõe que os jogadores menores de 18 anos não podem assinar um contrato com duração superior a 3 anos, não sendo aceito qualquer cláusula de período maior. Sendo assim, completados os 3 anos e havendo o componente da internacionalidade, o jogador estaria livre para assinar por um clube de outro país, de acordo com norma FIFA”, finaliza.
Crédito imagem: Reprodução
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