1987. O ano do campeonato mais controverso da história do futebol nacional. Diferente de tudo que já houve até hoje. E que repercute até hoje – tendo chegado até o STF! Dá pra imaginar. Bem, em se tratando de Brasil, dá pra imaginar tudo. Até a necessidade de a Corte Suprema ter se envolvido em um Brasileirão, e até o fato de uma das partes até hoje não aceitar o resultado daquela competição.
O Campeonato Brasileiro de 1987 foi além das páginas de esportes. Adentrou o mundo jurídico – e até o policial!
André Gallindo e Cassio Zirpoli apresentam, em “1987 – De fato, de direito e de cabeça”, toda essa trama, com todos os lados, as reuniões, o envolvimento dos tribunais. Nada mais adequado pra esta seção que faz tabelinha entre direito e esporte!
O prefácio é de Tino Marcos, e o livro traça o ambiente político e esportivo brasileiro desde os anos 70 – acredite, isso tudo terá efeitos diretos sobre o Brasileirão de 1987, o fatídico. A história toda passa pela criação do Clube dos 13 e pelo caminho que levou à criação da Copa União.
Como bem traçado na apresentação do livro:
“Esta obra reabre o tabuleiro do jogo político dentro da CBF, revela detalhes do acordo que selou a formatação inicial da competição, apresenta os documentos do regulamento original. Não eram tempos de Primeira e Segunda Divisões, como agora. Eram os módulos Amarelo e Verde e os quase esquecidos módulos Azul e Branco.
Um campeonato que não se resumiu à constelação do Flamengo em que quase todo o time disputou Copas do Mundo. No outro grupo, estava o então vice-campeão nacional, o Guarani, em que a maioria dos titulares chegou à Seleção Brasileira; craques que não estavam no álbum de figurinhas.
Se dezenas de milhões não esquecem o gol de Bebeto no Maracanã, outros milhões têm na memória a cabeçada de Marco Antônio na Ilha do Retiro, o gol da Taça das Bolinhas. 1987 teve mais. Teve agressão a presidente de clube e bicheiro famoso. O ‘sequestro’ de um juiz. Produção de pênaltis em escala industrial que alterou o Programa Sílvio Santos. Teve dois Zicos camisas 10 em campo. Teve WO de Flamengo e de Internacional.”
“1987 – De fato, de direito e de cabeça” expõe bastidores que indicaram os representantes brasileiros na Libertadores do ano seguinte, as batalhas jurídicas que desembocaram no Supremo Tribunal Federal e a decisão que definiu o Sport como campeão daquele Brasileirão.
Traz o resultado de pesquisas em arquivos de TV, farta documentação, jornais, regulamentos, além de entrevistas com quem viveu o momento. Entre eles, Zico, Leão, Arnaldo Cezar Coelho, Eurico Miranda, Kleber Leite…
Até hoje a torcida do Flamengo não aceita o resultado. Pra entender todo o imbróglio, dá até pra cravar o chavão de que é a “obra definitiva”. Baita livro!
1987 – De fato, de direito e de cabeça
André Gallindo e Cássio Zirpoli
Editora Onze Cultural
276 páginas