Quem disse que uma biografia de um ídolo de um time tem de ser interessante apenas para os torcedores daquela agremiação? Se for escrita por um mestre na arte de contar histórias, há grandes chances de se ter um material interessante para todo mundo, torcedor ou não, amante ou não do esporte em questão.
É justamente isso que Andrei Kampff consegue em #Prass38, biografia do goleiro Fernando Prass, que acaba de renovar contrato por mais uma temporada com o Palmeiras.
Com boas histórias e sem enrolação (confesso que biografias me entendiam, pois não tenho interesse em saber o que a pessoa tomava no café da manhã aos 10 anos de idade, por exemplo), Andrei torna o livro agradável e prazeroso ao contar casos como o do dia em que Prass, gremista de coração, embora quarto goleiro do time do Grêmio de 1999, “quase” entrou em campo. Em um intervalo de oito dias, o clube jogaria quatro jogos; para melhorar, o treinador resolvera poupar os titulares. Em um dia jogaria o segundo goleiro, Murilo; no outro, o terceiro, Sílvio. Quando o segundo goleiro apareceu gripado, Fernando Prass vislumbrou ali a estreia, a chance de começar uma partida. Um antigripal tomado por Murilo frustrou os planos. Nova chance, quando Sílvio aparece mancando para o jogo seguinte, e nova frustração, após o terceiro goleiro fazer infiltração com anti-inflamatório e analgésico.
Com o texto sempre elegante conhecido por todos dos anos de Rede Globo, Andrei Kampff conta: “No Grêmio, ele não teria vez. Sempre titular. Sempre ídolo. Menos no clube do coração. Menos em Porto Alegre”.
Com passagens como essa, #Prass38 prende a atenção de todos que curtem uma boa história. Não precisa gostar de biografia. Não precisa gostar de futebol. Não precisa ser palmeirense. Precisa só gostar de um ótimo texto, para aproveitar e conhecer um pouco mais da vida de um grande atleta.
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#Prass38
Andrei Kampff
Panda Books
240 páginas
