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Maio é mês para se debater a proteção ao trabalho e também o legado de Senna para o esporte

1º de maio não é apenas o dia para se homenagear o trabalhador e se refletir sobre caminhos necessários para a proteção do trabalho e da dignidade humana. Desde 1994, o dia também passou a ter um simbolismo gigante para aqueles que gostam de Fórmula 1 e para todo brasileiro que se interessa por esporte. Há 28 anos morria Ayrton Senna. Durante todos esses anos a data serve para homenagear o que ele fez, e lembrar a importância que ele tem também para a segurança do esporte.

Como sempre, no dia 1­º se multiplicaram as homenagens ao piloto. Nas redes sociais e em eventos, o nome de Senna lembrado e reverenciado. Para muitos, o maior nome da história da F1. Para todos que pesquisam e analisam o esporte, alguém que está entre os maiores. Senna foi um vencedor, exemplo, ídolo. Um gênio, que mudou também as regras do esporte.

Sim, Ayrton Senna também ajudou a deixar a F1 mais segura. A partir da sua morte discussões necessárias avançaram. O direito privado do esporte entrou em ação.

Foi no dia 1º de maio de 1994. Na sétima volta do GP de San Marino, a Williams de Senna entrou na curva Tamburello e ele perdeu o controle do carro, seguindo reto e batendo de frente em uma proteção de concreto. O choque se deu a 200 km/h.

O acidente que matou um dos maiores nomes do esporte brasileiro foi mais um em um final de semana que já era trágico para o automobilismo.

Um dia antes, Roland Ratzemberger morreu quando o carro dele bateu durante treino qualificatório pra corrida. O acidente dele e de Senna foram os piores, mas não os únicos naquele final de semana.
Rubens Barrichello, na sexta-feira, também perdeu o controle da Jordan, passou por cima de uma zebra, o carro decolou e ele se chocou violentamente contra uma barreira de pneus. Barrichello apenas quebrou o nariz. Mas o sinal de alerta era evidente.

Senna passou o final de semana preocupado e resolveu agir. Ele se reuniu com outros pilotos para discutir questões de segurança, determinado a recriar a Comissão de Segurança dos Pilotos. E, mais, foi cogitada até a possibilidade de eles não correrem no dia 1º de maio. Todos os pilotos, depois de muita conversa, decidiram correr.

O fato é: havia problemas. A F1 estava insegura. Ela precisava mudar. E só mudou por causa de um dos episódios mais tristes da história do automobilismo brasileiro.

Foram várias as mudanças em relação à segurança na Fórmula 1. Algumas delas haviam sido solicitas por Senna horas antes da corrida fatal.

Foram mais de 20. Elas se dividiram em carros e indumentárias; em pistas e regras.

Só para citar algumas:

– os carros ganharam proteção lateral, fortalecimento da estrutura das chamadas células de sobrevivência;

– com relação às pistas, a chegada de novo padrão eliminou muitas curvas perigosas, como a Tamburello, que passaram a ter novos traçados.

– além disso, foi criado o Instituto de Segurança da Federação Internacional de Automobilismo, órgão pensado para implementar medidas de segurança na categoria;

Enfim, a F1 mudou.

Desde então, apenas Jules Bianchi morreu devido a um acidente em pista, no GP do Japão de 2014.

As regras do esporte mudam. E as mudanças aparecem para deixar o esporte mais atrativo, em função das inovações tecnológicas, depois de disputas jurídicas, mas também após uma tragédia.

Claro que uma tragédia terá saldo positivo. Se o problema aconteceu é porque havia problemas. O que foi feito na F1 já era pensado e discutido por Senna. Mas da tragédia nascem aprendizados.

A Lex Sportiva não pode ser resumida à uma Lei do Esporte. Ela é um sistema transnacional que ultrapassa os limites jurídicos, abrangendo também sociologia, cultura e diálogos, nem sempre tranquilos. Uma tragédia também participa desse sistema.

E, como eu sempre digo, o diálogo é sempre uma ferramenta importante na construção de uma sociedade melhor e também de um esporte mais seguro.

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