Nos últimos anos, o futebol mundial tem testemunhado o crescimento dos conglomerados de clubes – grupos empresariais que controlam vários times em diferentes países e ligas através de investimentos majoritários, minoritários ou indiretos. Esse fenômeno reflete a crescente globalização do esporte, onde investidores buscam maximizar retornos financeiros e expandir suas marcas para novos mercados.
Diante deste cenário, o Observatório Social do Futebol, grupo de pesquisa vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Rio de Janeiro (PPGCom/Uerj), desenvolveu um projeto inédito que resultou no Mapa das Redes Multi-Clubes do Futebol.
O material conta com a colaboração de Irlan Simões Santos, pesquisador e jornalista, e de Jonathan Ferreira, doutorando em geografia pela UNESP/IGCE e Ciência Política na Université libre de Bruxelles.
“O mapa das redes multi-clubes é resultado de uma pesquisa realizada por mim, Jonathan Ferreira, e Irlan Simões. Para esse levantamento nos apoiamos nos relatórios do Centro de Inteligência da UEFA e do CIES Sports Intelligence, no que diz respeito ao modelo de Multi-club Ownership. Também foram consultados documentos de clubes que pertencem a países com legislações que obrigam o fornecimento de seus acionistas”, explica Jonathan Ferreira.
“Esse é um mapa inédito, pois assim os centros de estudos especializados nesse levantamento, não divulgam quem são os clubes dessas redes multi-clubes e nem quais são esses clubes. Dessa forma, o Mapa das Redes Multi-Clubes, é lançado trazendo importantes informações sobre essas redes, quem são os clubes envolvidos, onde eles estão localizados, qual a participação da rede no clube, quem é a pessoa por trás da rede, entre outras informações”, acrescenta.
O Mapa das Redes Multi-Clubes do Futebol aponta que já há 270 clubes nos cinco continentes com suas participações negociadas junto a fundos internacionais, divididos por uma rede composta por 89 grupos multi-clubes. Foram destacados no material um total de 56 redes, com participações diretas e indiretas em 178 equipes.
Essas redes foram selecionadas de acordo com a quantidade de clubes envolvidos, do campeonato em que seus clubes disputam, do indicativo de expansão da rede, do tipo de participação da rede nos clubes e do perfil dos grupos investidores.
“Esse material é importante por trazer facilidade em encontrar informações sobre esses conglomerados e conhecer o cenário desse novo modelo do futebol contemporâneo. Além disso, é importante para compreendermos como esse fenômeno está distribuído espacialmente. A cartografia das redes multi-clubes demonstra certa tendência de concentração em países da Europa, com atores norte-americanos. O material se faz necessário para projetar perspectivas futuras, haja visto que o conhecimento do fenômeno atual nos permite planejar pensando no território brasileiro”, afirma Jonathan Ferreira.
Os dados do material ainda serão discutidos e apresentados com maior profundidade em relatório que será lançado ainda este ano. O documento será publicado pelo Observatório Social do Futebol em outubro.
Regulamentação dos conglomerados
A regulamentação dos conglomerados de clubes no futebol tem se tornado uma questão cada vez mais debatida, à medida que esse modelo de negócio ganha cada vez mais espaço. A UEFA e a FIFA possuem algumas regras que limitam a participação de um mesmo grupo em competições internacionais para evitar conflitos de interesse, porém, ainda há questionamentos se essas normas são suficientes.
“O MCO é uma realidade da indústria do futebol e é fundamental que as organizações esportivas responsáveis pela administração da modalidade criem regulamentos sobre esse fenômeno. Embora já se reconheça a necessidade de tratar do assunto, ainda não existem regras específicas e suficientes para que o MCO seja integrado ao futebol sem colocar em risco alguns dos seus pilares”, avalia o advogado Filipe Souza, advogado especializado em direito desportivo.
A falta de regulamentação pode gerar desequilíbrios competitivos, uma vez que os conglomerados detêm maior poder financeiro e influenciam o mercado de transferências. O grande desafio atual está em encontrar um equilíbrio entre o crescimento econômico promovido pelos conglomerados e a preservação da integridade esportiva e da competitividade nas ligas.
Quais são os maiores conglomerados do futebol?
City Football Group (13)
Al-Jazira Club (Emirados Árabes Unidos), EC Bahia (Brasil), Girona FC (Espanha), Lommel SK (Bélgica), Manchester City (Inglaterra), Melbourne City (Austrália), New York City (Estados Unidos), Montevideo City Torque (Uruguai), Mumbai City (Índia), Troyes (França), Palermo (Itália), Shenzhen Peng City (China) e Yokohama F. Marinos (Japão)
Arctos Sports (12)
FC Augsburg (Alemanha), ADO Den Haag (Holanda), Brøndby IF (Dinamarca), Crystal Palace (Inglaterra), Estoril Praia (Portugal), Real Salt Lake City (Estados Unidos), Portland Timbers (Estados Unidos), Liverpool (Inglaterra), Paris Saint-Germain (França), Atalanta (Itália), AD Alcorcón (Espanha) e SK Beveren (Bélgica)
Ares Management (10)
Atlético San Luis (México), RC Lens (França), Atlético de Madrid (Espanha), Olympique Lyonnais (França), Chelsea (Inglaterra), Atlético Ottawa (Canadá), Crystal Palace (Inglaterra), Botafogo (Brasil), RWD Molenbeek (Bélgica) e Inter Miami (Estados Unidos)
Pacific Media Group / New City Capital (8)
Barnsley Football Club (Reino Unido), FC Kaiserslautern (Alemanha), AS Nancy Lorraine (França), Esbjerg fB (Dinamarca), FC Den Bosch (Holanda), FC Thun (Suíça), GKS Tychy (Polônia) e KV Oostende (Bélgica)
Globalon Football Holdings (8)
Brøndby IF (Dinamarca), AD Alcorcón (Espanha), ADO Den Haag (Holanda), Crystal Palace (Inglaterra), FC Augsburg (Alemanha), Estoril Praia (Portugal), Real Salt Lake City (Estados Unidos) e SK Beveren (Bélgica)
Clique aqui para conferir o Mapa das Redes Multi-Clubes do Futebol.
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