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Maurício Souza: homofobia ou opinião?

A postagem do atleta de voleibol Maurício Souza sobre o novo HQ da DC Comics em que o filho do Superman é bissexual trouxe imensa repercussão. No post feito no instagram, o jogador traz uma foto do HQ e comenta “É só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar…”.

Logo, o “tribunal da internet” condenou sumariamente o atleta taxando-o de homofóbico. Na sequência, seu clube, o Minas Tênis, pressionado por patrocinadores, demitiu o jogador. O treinador da Seleção, no mesmo sentido, manifestou-se deixando claro que Maurício não será mais convocado.

Entende-se homofobia como uma aversão irreprimível, repugnância, medo, ódio, preconceito que algumas pessoas nutrem contra os homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais (também conhecidos como grupos LGBT).

No sistema jurídico brasileiro, homofobia foi equiparada ao crime de racismo pelo STF e, no âmbito cível, pode gerar indenização por danos morais.

O ponto controvertido está no limite entre homofobia e liberdade de opinião.

A Constituição brasileira assegura a liberdade de pensamento e de expressão, garante, ainda, a dignidade da pessoa humana.

Nesse sentido, é direito de qualquer cidadão não gostar que uma história em quadrinhos não tenha um personagem com a orientação X, Y ou Z.

Não, pode, entretanto, o cidadão manifestar-se com violência, de forma agressiva ou discriminatória.

No caso em questão, Maurício Souza (que não tem nada a ver com o famoso criador da turma da Mônica) exerceu sua liberdade de expressão ao deixar claro em seu post que não gostou do filho do Superman ser bissexual. Os escritos dele não trouxeram nenhuma agressão específica ou genérica.

Este colunista, particularmente, nunca gostou do par hétero do Superman. Sempre achou Loius Lane sem graça e insípida. Esta opinião não é heterofóbica.

Não obstante, houve uma grande histeria de pessoas que sequer viram o post, mas correram para manifestar-se (também no exercício de sua liberdade de expressão) contra o atleta.

No fim de tudo, Maurício Souza ficou rotulado de homofóbico. Ora, sabe-se que no voleibol há uma série de atletas LGBTs e alguns, seguramente, foram colegas de Maurício nos clubes em que passou e na Seleção.

Houve algum episódio de desrespeito de Maurício com relação a eles? Será que o fato de não gostar que um personagem dos quadrinhos seja bissexual apaga todo o histórico de atos do atleta e torna-o um péssimo ser humano?

É preciso separar o joio do trigo e ser razoável para não ser injusto.

A campanha difamatória levou um pai de família ao desemprego.

Nas redes sociais, “adolescentes” de 30 anos sustentados pelos pais e na faculdade desde os 20 comemoraram efusivamente.

Ingenuidade.

Maurício não foi demitido porque as empresas patrocinadoras necessariamente sejam contra a opinião dele.

Maurício foi demitido porque os patrocinadores interessam-se pelo pink Money que se refere ao poder de compra dos membros da comunidade LGBTQIA+, que possui um altíssimo poder de compra.

Para se ter uma ideia, no Brasil o consumo associado ao pink money movimentou cerca de R$ 450 milhões de reais em 2020, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Diversidade Sexual (IBDSEX).

O mesmo estudo indicou que cerca de 10% da comunidade LGBTQIA+ possui renda superior em comparação com o restante da população.

O censo do IBGE de 2010 apontou que casais homoafetivos têm duas vezes mais renda que os casais heterossexuais, e gastam em média 30% a mais.

Ou seja, trata-se de um nicho de mercado preciosíssimo e por essa razão interessa tanto às empresas manifestarem-se rápido e drasticamente quando a comunidade LGBTQIA+ trouxer histeria nas redes sociais.

Ao contrário da atleta do vôlei de praia, Maurício utilizou suas redes sociais privadas para se manifestar e sua opinião há de ser respeitada.

O voleibol brasileiro não pode cair na pilha das redes sociais. O resultado nos Jogos de Tóquio foram os piores desde 1992. A Seleção masculina de quadra ficou sem medalha após 20 anos. Não era hora do treinador colocar o “pé nessa bola dividida”, rachar o grupo e abrir mão de um dos melhores atletas do mundo na posição.

Não sejamos ingênuos, empresas não possuem ideologia, elas possuem estratégias de mercado e diante das repercussões, elas precisaram se posicionar para ter o pink money do seu lado.

Pode-se discordar da opinião, mas deve-se defender até a morte o direito de expressá-la.

Preconceito, discriminação, agressividade e violência são amplamente reprováveis e devem ser extirpados, mas o direito das pessoas não gostarem ou não terem simpatia para com a orientação sexual X, Y ou Z, não faz delas homofóbicas.

Se fosse assim, os cultos cristãos deveriam ser tidos como atividade criminosa e todos os padres, pastores e cristãos fervorosos, presos.

Finalmente, a repercussão do caso além de não trazer um caráter pedagógico e educativo contra a homofobia acaba por trazer um efeito inverso de polarizar ainda mais os debates. Anote-se que Maurício saiu de 200 mil seguidores para um milhão e meio.

Crédito imagem: Minas Tênis Clube

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