“Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar aonde quer.”¹
O Covid-19, jogador mais perigoso dos últimos anos da seleção de vírus, dominou o planeta bola, colocou-o no chão e partiu para o ataque, causando um colapso no sistema do futebol mundial, e o jogo parou. As principais competições pararam, em observação às orientações da Organização Mundial da Saúde e autoridades locais, que têm indicado a quarentena como uma das formas mais eficazes de combate à circulação da doença, e ainda não têm data certa para voltarem a ser disputadas.
Apesar de ser o mais adequado para o combate desta pandemia que amedronta o mundo, a quarentena causará uma enfermidade gravíssima na família FIFA, ou seja, molestará todos os membros do futebol federado e afins, a começar pela própria entidade máxima, seguindo pelas confederações continentais, associações nacionais e clubes, chegando aos jogadores nos jogadores, em efeito dominó. Até outros interessados, como patrocinadores e etc., também sentirão. Isto porque sem partidas, não circula nem a bola e nem o capital.
Ciente disto, o Conselho da FIFA, presidido pelo italiano Gianni Infantino, está trabalhando, ainda que por teleconferência, para tratar das circunstâncias excepcionais, e já decidiu alterar as datas da Conmebol Copa América e do UEFA EURO (11 de junho a 11 de julho de 2021), bem como postergar a nova Copa do Mundo de Clubes da FIFA, que deverá ocorrer em Junho / julho de 2021. Além destas competições, há um grupo formado para monitorar e buscar soluções globais apropriadas para competições de todos os níveis, considerando as necessidades de todas as partes interessadas, entretanto, olhando a saúde de todos os participantes como prioridade. O presidente defendeu:
“Essa situação excepcional exige medidas e decisões excepcionais. Essa crise afeta o mundo inteiro e é por isso que as soluções precisam levar em consideração os interesses de todas as partes interessadas ao redor do mundo. Hoje mostramos novamente um espírito de cooperação, solidariedade e unidade. Esses devem ser nossos principais impulsionadores no avanço e gostaria de agradecer a todos os Presidentes das Confederações por suas contribuições e esforços positivos. A FIFA manterá contato próximo com todas as partes interessadas para avaliar e tomar as medidas necessárias para lidar com a variedade de problemas que estamos enfrentando. Conto com o apoio de toda a comunidade do futebol para avançar. ”²
A entidade também irá avaliar a necessidade da criação de um fundo para apoiar financeiramente os membros e quais serão os critérios para o acesso aos mecanismos de apoio, mas já é certo que irá doar US$ 10 milhões ao Fundo de Resposta de Solidariedade Covid-19 da Organização Mundial da Saúde.
Por fim, um dos temas mais delicados é referente aos jogadores, em especial aos seus contratos. Como ficam os contratos no período de suspensão das competições e proibições de treinamentos? Seus efeitos também podem ser suspensos? Como ficam os pagamentos de salários em tempo que não há trabalho desportivo? Os jogadores e ou os clubes podem extinguir unilateralmente sem o dever de indenização/compensação? O que acontece com os jogadores que têm contratos que terminam antes do novo término da temporada? Como serão os períodos de transferências?
A FIFA poderá criar normativas específicas em seu Regulamento de Status e Transferência de Jogadores para este período. Um grupo com representantes de confederações, ligas, clubes e também dos jogadores, da FIFPro, já trabalha com o objetivo de tomar medidas urgentes. As janelas de transferências, a expiração de contratos e os prováveis não pagamentos que se espera que ocorram, devem ser os principais temas abordados.
Então, ainda que o potencial ofensivo do Covid-19 seja grande, a FIFA dá sinais de que sua defesa está atenta e postada, inclusive para a quarentena, apontando que logo o jogo irá continuar. E acreditamos que no recomeço, apesar das dificuldades, com o esforço coletivo e com a partilha dos prejuízos oriundos da “força maior” entre todos, a vitória virá.
“É preciso que o discípulo da sabedoria tenha o coração grande e corajoso. O fardo é pesado e a viagem longa.”³
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1 e 3 – Confúcio
