À primeira vista o livro desta semana não tem um link muito claro entre direito e esporte. Calma, explico. Aproveitei um tema super em voga, delicado e necessário, que é o estupro. Tá em todas as manchetes, e tá na hora de mudar a cultura em relação a esse assunto.
O link com o direito é claro já no título do livro. Nossa cultura ainda está tão atrasada que o próprio Judiciário ainda trata de forma inadequada do tema, deixando as vítimas constrangidas (quando não ele próprio parece duvidar dos relatos delas). Claro, os casos do livro aconteceram nos Estados Unidos, não no Brasil. Mas alguém acha que aqui é muito diferente? E quando, por exemplo, um delegado ou policial pergunta à vítima qual roupa ela vestia ao ser estuprada (sério que perguntam isso?), será que a realidade difere de nós para eles? Me parece claro que não…
E o link com os esportes? Fica evidente quando se lê o livro e se passa a saber que os jogadores de futebol americano universitário parecem ter quase “imunidade” para tratar as mulheres da forma como quiserem. Em uma teia nojenta, a cultura de idolatria que permeia o contato entre estudantes e jogadores nas universidades americanas impõe amarras para que possamos evoluir na abordagem de assunto tão odioso. E no Brasil, diferimos muito na forma como tratamos ídolos do esporte? Discussão dá bastante pano pra manga…
Explicado o link entre os temas do Lei em Campo, deixo vocês, nesta semana, com mais uma novidade: a resenha de hoje é em vídeo, no qual conto mais sobre esse livro indispensável, dos melhores que já li, e ainda faço uma ponte com uma das séries mais comentadas da Netflix!
Último comentário: o autor, Jon Krakauer, é um dos grandes contadores de histórias da atualidade. Foi ele quem escreveu o livro “No ar rarefeito” (que virou o filme “Everest” e que narra a história de uma jornada trágica ao pico do famoso monte, na qual quase todos da expedição morreram) e “Na natureza selvagem”, que também virou filme (com direção de Sean Penn). Será que “Missoula” virará também, ou forças mais fortes impedirão essa história de ser mais propagada?
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Missoula: o estupro e o sistema judicial em uma cidade universitária
Editora Cia. das Letras
472 páginas
