A Copa do Mundo da FIFA geralmente levanta uma série de questões na mente dos fãs de MMA no mundo todo, tais como: será que alguma vez veremos um equivalente de artes marciais mistas do torneio mais prestigiado do futebol?
Será que o MMA alguma vez se tornará um evento olímpico? Há algum tipo de competição internacional de MMA onde lutadores competem em nome de suas nações, independentemente de qual organização eles pertençam?
Para a questão olímpica, se o MMA chegar às Olimpíadas, provavelmente será com regras modificadas, semelhantes ao Pankration moderno.
Não obstante, o MMA tem sim Copa do Mundo e já está bem próximo dos anéis olímpicos, como veremos.
Em 2006, o Ministro dos Esportes da Suécia propôs a proibição de vários esportes de contato pleno, entre eles o MMA.
No entanto, a proibição foi anulada devido a uma campanha da comunidade de artes marciais liderada pelo fundador da Federação Sueca de MMA (SMMAF), August Wallen.
O argumento de Wallen foi baseado em números relativos a mortes em diferentes esportes, argumentando, por exemplo, que, “Você não pode proibir o MMA com base no argumento da morte no esporte, a menos que você proíba a equitação primeiro“.
Como resultado, o MMA foi regulamentado em 2007 e a SMMAF recebeu uma licença governamental para sancionar o MMA em todos os níveis, permitindo a competição do MMA na Suécia sob rígido controle legal.
Em 2012, a Federação Internacional de Artes Marciais Mistas (IMMAF) foi fundada em Estocolmo por Wallen, e neste mesmo ano dois eventos diferentes do UFC foram realizados na capital.
No mesmo ano, a Associação Mundial de Artes Marciais Mistas (WMMAA) foi fundada em Mônaco por Vadim Finkelchtein, fundador da União Russa de MMA, e fundador e presidente da promoção do MMA, M1-Global.
A WMMAA realizou seu primeiro evento campeonato em maio de 2012, o Campeonato Ucraniano de MMA em Kiev, e sua primeira Copa Mundial de MMA em dezembro de 2013 no Azerbaijão.
Já a IMMAF realizou seu primeiro Campeonato Mundial IMMAF de MMA Amador em Las Vegas em 2014, como parte da Semana Internacional de Combate do UFC.
Com ambas as organizações buscando a Associação Global de Federações Internacionais de Esportes (GASIF) para o reconhecimento formal do esporte (para colocá-las na corrida para o reconhecimento olímpico), estas foram então aconselhadas pela GAISF em junho de 2017 a cooperar, uma vez que apenas um candidato poderia ser considerado por esporte.
Em maio de 2018, os órgãos rivais IMMAF e WMMAA assinaram uma afiliação legalmente vinculante, aprovada pelos membros nacionais de cada organização.
No final de novembro de 2018, a IMMAF e a WMMAA haviam completado um acordo totalmente executado, bem como um primeiro Campeonato Mundial Unificado IMMAF – WMMAA, com 52 países participantes, o que criaria uma nova ordem mundial no ranking dos amadores de MMA.
Em novembro de 2019, após as mudanças necessárias e democraticamente aprovadas nos estatutos da IMMAF, a Assembléia Geral da IMMAF de 2019 viu seu conselho se expandir para aceitar representantes eleitos da WMMAA, com o Presidente da WMMAA, Vadim Finkelchtein juntando-se ao fundador da IMMAF, August Wallen, como Presidente Honorário.
A fusão juntou ambos os conselhos internacionais e equipes administrativas, mapeando em 100 nações membros seus integrantes, entre 2018 e 2019.
Hoje, o órgão de governança unificado tem o nome apenas de Federação Internacional de Artes Marciais Mistas (IMMAF).
Em números, a IMMAF tem 120 federações nacionais como membros, com mais de 50 reconhecidas por seu Comitê Olímpico Nacional ou Autoridade Nacional do Esporte.
Mais de 2000 atletas participaram de seus torneios Júnior e Sênior e a organização credenciou mais de 525 técnicos.
O MMA é o esporte que mais cresce no mundo com um número estimado de 449 milhões de seguidores do esporte profissional, enquanto a IMMAF está aumentando o número de espectadores ano após ano por sua proposta amadora, com sua plataforma oficial OTT IMMAF.TV (lançada em 2018) atraindo mais de 300.000 espectadores durante seus recentes campeonatos mundiais.
Para evitar a ideia de rejeição ao esporte que é mais difundida na Europa, a estratégia da IMMAF foi fomentar a imagem de respeitabilidade do MMA, alinhando-se ao movimento olímpico.
De fato, o objetivo principal da IMMAF é que o MMA seja incluído no programa olímpico.
A IMMAF também desenvolveu um formato mais suave e seguro para o esporte. Por exemplo, a IMMAF adotou uma estratégia de “escada de segurança”, classificando a prática do MMA em seis níveis e só concedendo avanço para o nível seguinte quando um praticante pudesse demonstrar experiência e maturidade suficientes.
As regras para o MMA amador introduziram mais segurança para os lutadores (por exemplo, proibir golpes de cotovelo, antebraço e joelho na cabeça).
A IMMAF organiza torneios amadores entre nações de todo o mundo, através de seus principais campeonatos mundiais e continentais para idosos, juniores e jovens a partir dos 12 anos de idade.
Os Campeonatos da IMMAF reúnem equipes nacionais de federações membros em todo o mundo, criando um centro e uma plataforma para o desenvolvimento esportivo contínuo.
Para um crescimento positivo, a IMMAF está focada em desenvolver o MMA como um esporte internacional, desde o nível recreativo até a elite, impulsionando o desenvolvimento de um conjunto comum de regras, regulamentos de segurança, estrutura, caminhos de progressão e intercâmbio mútuo.
Tornar-se reconhecido como um esporte olímpico é fundamental para a salvaguarda dos participantes do MMA em todo o mundo para minimizar os riscos e aumentar as oportunidades e benefícios.
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REFERÊNCIAS
COSTA, Elthon José Gusmão da. Aspectos jurídicos do desporto MMA. 1ª. ed. São Paulo: Mizuno, 2022.