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Mudança de regra no Brasileirão traz proteção para jogadores

A primeira rodada do Brasileirão 2024 foi marcada por diversos lances envolvendo choques de cabeça entre jogadores. Vasco x Grêmio, Atlético-GO x Flamengo e Cruzeiro x Botafogo foram alguns dos jogos em que foram registrados casos de concussão.

Na última sexta-feira (12), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou que adotou para as Séries A e B do Campeonato Brasileiro a regra que permite uma substituição extra às equipes para casos de concussão cerebral.

Na partida entre Cruzeiro e Botafogo, disputada neste domingo (14), no Mineirão, o volante Marlon Freitas, do clube carioca, precisou ser substituído após sofrer uma pancada na cabeça. Com concussão, o jogador foi encaminhado ao hospital para realização de exames. Por conta regra, o Alvinegro fez seis trocas.

A norma era bastante aguardada, uma vez que choques de cabeça estão cada vez mais comuns no futebol e esses impactos podem resultar em problemas futuros. Especialistas ouvidos pelo Lei em Campo entendem que a adoção da regra é um avanço importante e visa manter a integridade física dos atletas.

“A substituição adicional por concussão foi adotada após a atualização de acordo com as últimas regras emitidas pelo IFAB (International Football Association Board). É importantíssimo mencionar que a decisão busca manter a integridade física do atleta que, uma vez diagnosticado com concussão ou suspeita pelo médico da equipe, não poderá retornar ao jogo. Além disso, cumpre destacar que a decisão passa exclusivamente pelo médico e os árbitros e/ou comissão técnica não terão envolvimento sobre a decisão de substituição do atleta. Portanto, caberá estritamente ao profissional capacitado a identificação da concussão”, afirma o advogado João Paulo Di Carlo, especialista em direito desportivo.

“A substituição extra em caso de concussão é um avanço evidente. É verdade que ainda estamos longe do ideal, mas temos que reconhecer avanços. Ligas americanas são exemplo nessa questão, limitando inclusive o retorno às atividades em caso de concussão, como forma de preservar o atleta. Mais do que um direito à substituição em caso de concussão, seria importante que tivéssemos isso como obrigatório, especialmente sabendo que é um esporte que permite as cabeçadas, além da possibilidade de um choque de cabeça, uma queda ou qualquer outro impacto”, avalia o advogado desportivo Vinicius Loureiro.

“Muitas vezes, em razão da pressa para devolver o atleta para o campo, médicos deixam de se atentar a sinais menos evidentes de concussão. Seria razoável pensar em um tempo mínimo para retorno ao gramado em caso de choques de cabeça, de modo a obrigar uma análise mais cuidadosa de cada situação. No entanto, destaco novamente, a possibilidade de substituição nesse caso é um claro avanço. Decisão acertada da CBF”, acrescenta.

Entenda o protocolo

A substituição por concussão é uma das propostas da IFAB, órgão responsável pelas regras do futebol. Ela já foi adotada durante a Copa do Mundo feminina de 2023, e está em vigor nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026.

A substituição não conta para as cinco trocas normais a que cada time tem direito nos jogos.

A concussão deve ser apontada por um médico da equipe presente na comissão técnica em campo. O profissional deve apresentar um cartão de cor vermelha ao time de arbitragem quando essa substituição específica for realizada, detalhando o caso, sintomas apresentados pelo atleta e outros detalhes do episódio.

Após a partida, um relatório deverá ser enviado, com a evolução do quadro do jogador, o protocolo de retorno aplicado e a data do retorno do jogador para a próxima partida, à Comissão Médica da CBF, que irá verificar se os procedimentos preconizados foram cumpridos.

“É uma vitória para nós. Estamos brigando por isso desde 2015. A adoção aconteceu após a reunião dos três departamentos responsáveis (Diretoria de Competições, Comissão Médica e Comissão de Arbitragem) e teve a aprovação do presidente Ednaldo. Acho que estamos dando um passo gigante para mostrar como a CBF preza pela proteção dos atletas”, disse Jorge Pagura, presidente da Comissão Médica e de Combate à Dopagem da CBF (CMCD), ao site da CBF.

Crédito imagem: Marcelos Cortes/Flamengo

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