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Mulheres conquistam espaço no futebol. No direito esportivo também

Eu sou fã da especialização. O mundo caminhou para isso. As pessoas estudam, pesquisam e se qualificam em determinada área. Temos dentista especialista para cada tipo de dente. Médico, faz tempo que aquele que resolvia todas as nossas dores desapareceu. Hoje, conforme a altura do corpo, vamos atrás de determinado médico.

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Jornalistas também precisam se qualificar. É importante fazer uma especialização, ou estudar a fundo, para conhecer mais determinada área e ter mais conteúdo ao escrever, ou falar, sobre assuntos do dia a dia do trabalho. No direito, claro que é assim.

O direito esportivo também precisa de profissionais qualificados, que estudam, discutem, refletem sobre os temas em que esporte e direito se relacionam. E, acredite, o universo é tão grande que até nessa ciência é preciso se especializar.

Por que até agora não falei das mulheres? Porque entendo que gênero não deve ser nunca critério para espaço profissional; o que deve fazer diferença é a qualificação.

Mulheres estão cada vez mais participando do futebol. Não apenas jogando, mas trabalhando com ele. Inclusive na Justiça esportiva. E elas estão estudando, se qualificando para isso.

A Ivana Negrão conversou com especialistas sobre esse assunto.


 

O futebol encanta cada vez mais as mulheres. Inclusive, juridicamente

Na ata da 2ª Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva do Estado do Ceará, do dia 25 de junho, a presença da Dra. Ana Cristina Mizutori Romero mereceu destaque porque ela foi “a primeira mulher a utilizar a tribuna de defesa do órgão”.

Ana Cristina é natural de São Paulo e mora em Fortaleza há dois anos. Coordena o setor jurídico do Ceará Sporting Club há cinco meses e sempre cuidou das causas cíveis e trabalhistas. Para os processos na Justiça Desportiva, como é de praxe em muitos clubes, advogados terceirizados eram contratados até que ela decidiu subir na tribuna e advogar em defesa de três atletas da categoria sub-20. Assim que o fez, ouviu comentários de que se tratava de um feito inédito no estado. “Fiquei muito feliz pelo pioneirismo, por ter feito história e pelo apoio do Ceará ao me permitir tal oportunidade. Por outro lado, também surpresa, porque existem muitas mulheres no Jurídico de outros clubes, e estamos em 2019. Esse fato não deveria ser mais uma novidade.”

No TJDCE, Ana Cristina conseguiu diminuir a punição por indisciplina dos três atletas da base. Ela acredita que, “pela especificidade da matéria, talvez outras mulheres não se interessem, mas isso não significa que não sejam capazes”.

Danielle Maiolini, procuradora do Superior Tribunal de Justiça Desportiva há dois anos, afirma que a legislação do esporte, como qualquer outra, é uma matéria com a qual “você se especializa com a prática. E isso vale tanto para homens como para mulheres. É preciso ter a oportunidade de vivenciar o dia a dia e, assim, se aprofundar no tema”. Danielle também se mostrou surpresa com o fato inédito de Ana Carolina se a primeira a atuar no Tribunal de Justiça Desportiva do Estado do Ceará e defende presença maior de mulheres no direito esportivo. “É só uma questão de espaço.” De fato. 

O STJD está em processo de seleção curricular para a criação de uma Comissão Disciplinar Feminina. São cinco vagas de auditoras a serem preenchidas. Até agora, mais de 50 currículos foram enviados. Hoje a instituição conta com 62 auditores e procuradores. Destes, seis são mulheres. Uma atua no Pleno, outra em comissão, e quatro são procuradoras. 

Ana Cristina agora pretende ir sempre ao Tribunal defender as causas do Ceará Sporting Club, e incentiva outras mulheres. “Futebol é um mundo fantástico. Apaixonante! Tem muitas nuances que podem ser exploradas, inclusive juridicamente.”

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