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Mundial de clubes pode ser bom

Desde criança, quando vi o São Paulo conquistar o Mundo duas vezes, eu imaginava um Mundial de verdade reunindo clubes do mundo todo.

Em 2000 aquele sonho de criança se tornou realidade e tivemos no Brasil clubes de todos os continentes disputando o título de melhor do mundo.

Em 2001 aquele Mundial se repetiria, mas a falência da ISL, parceira da FIFA na organização do campeonato, adiou a segunda edição para 2005, quando o São Paulo, novamente, ganhou o Mundo.

Entretanto, ao contrário do Mundial de 2000, quando a competição reuniu 8 clubes e teve uma primeira fase de grupos, a partir de 2005, a disputa passou a ser no modelo mata-mata com clubes da UEFA e da CONMEBOL entrando já nas semi-finais.

Há alguns anos o atual presidente da FIFA, Infantino, tem tentado emplacar um Mundial de Clubes com 24 clubes e de forma quadrienal.

O fato é que o melhor modelo é o de 2000 com os 6 campeões continentais, um representante do anfitrião e o último campeão acrescentando-se uma fase semi-final.

Neste modelo, por exemplo, o atual Mundial teria o Chelsea e o Flamengo, teria mais dois jogos para tentar classificar-se para a próxima fase.

A dificuldade desse modelo é o calendário, eis que os europeus poderiam jogar até 5 jogos, caso chegassem às semis (o que é provável).

Outro modelo que pode ser interessante é uma competição bianual com 16 clubes, ou seja, os dois últimos campeões de cada Continente, o anfitrião, o último campeão e dois classificados por uma repescagem.

Este modelo poderia ter quatro grupos ou até mesmo ser apenas de mata-mata. O ideal seria a primeira fase de clubes.

O sonho de ser o melhor do mundo é antigo. Os europeus não veem o Mundial com tanta empolgação porque sabem que o melhor clube do mundo é o campeão europeu.

O mesmo acontece no basquete e no futebol americano. Os campeões da ligas norte-americanas sabem que são os melhores do mundo e nem se dão ao trabalho de disputar mundiais.

No futebol a discrepância entre os continentes não é tão grande e uma competição com primeira fase dará condições para as equipes sul-americanas recuperarem-se de derrotas e se fortaleceram.

Além disso, o mundo árabe, principalmente, possui recursos financeiros para montar boas equipes e uma competição mundial de clubes com mais partidas podem fazer com que se interessem mais em investir para ganha-las.

Quando os europeus começarem a perder o Mundial, o interesse e o desafio de se firmar, novamente, como melhores do mundo aumentarão.

Desde 2005, os europeus perderam apenas 3 vezes para São Paulo, Inter e Corinthians em lances muito pontuais. Ou seja, em 17 anos, os europeus confirmaram ser os melhores em 14 oportunidades e perderam em duas oportunidades em que houve zebra na Champions (Liverpool e Chelsea) e uma zebraça do Barcelona contra o Inter.

No momento em que um europeu sair numa semi, perder a final para um não europeu ou perder um jogo de forma acachapante, a luz amarela será acessa e a (justificada) arrogância começará a ceder. Isso aconteceu com a seleção de basquete dos EUA.

Os norte-americanos disputavam as competições de seleções com equipes universitárias até perderem para o Brasil nos jogos Panamericanos de 1989.

A partir de então, os atros da NBA passaram a disputar as competições internacionais. Daí nasceu a maior Seleção da história de todas modalidades, o Dream Team de 92. Daí nasceu também a competitividade, a perda da soberania. Tema interessantíssimo para outra coluna.

A FIFA sabe que o Mundial de Clubes é um baita produto que está subaproveitada, mas que tem potencial.

A UEFA também sabe disso e por esta razão tenta a todo custo evitar que uma competição mais atrativa seja criada.

O sonho de menino de um grande Mundial de Clubes persiste e a sua realização passa, necessariamente, pela vitória de outros clubes que não europeus. Somente assim, eles entenderão que precisarão sim provar que são, de fato, os melhores do mundo.

Crédito imagem: Divulgação/FIFA

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