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NBA contraria WADA e passa a liberar o uso de maconha pelos atletas

Recentemente, a NBPA (Associação de Jogadores da Liga de Basquete dos Estados Unidos) assinou um novo acordo coletivo de trabalho com a NBA, válido pelos próximos sete anos. De acordo com o jornal espanhol ‘Marca’, entre as novidades está a liberação do uso da maconha para os atletas.

Pelo convênio atual, a maconha está na lista de substâncias proibidas, mas a suspensão de cincos jogos somente é aplicada aos jogadores que forem pegos três vezes no exame antidoping.

A liberação da substância é recente, mas já é alvo de polêmica. Em setembro de 2022, a WADA (Agência Mundial Antidopagem) rejeitou os pedidos e manteve o THC, ingrediente psicoativo da cannabis, na lista de substâncias proibidas em competições. Na ocasião, a entidade citou que o uso da maconha é “contra o espírito do esporte”.

“A maconha, mais especificamente os canabidióides, estão na categoria S8 (estimulantes) da lista de substancias proibidas da WADA (Agência Mundial Antidopagem), porém, o seu uso é liberado fora de competição pela entidade, respeitando certos limites quantitativos. A WADA também permite o tratamento médico com o CBD (canabidiol) livre de THC (tetrahidrocanabinol). Como os detalhes do acordo ainda não foram divulgados, precisamos aguardar para vermos em que termos eles liberaram”, conta a biomédica Lara Santi, especialista em biotecnologia e drogas no esporte pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).

Desde 2020, no início da pandemia de Covid-19, os jogadores não precisavam mais fazer testes para detectar o uso de cannabis, embora a maconha estivesse listada como substância proibida pela liga. O novo acordo legalizou a substância totalmente.

Os defensores do uso da maconha alegam que ela traz efeitos benéficos para a saúde e de que ela não traz ganho desportivo.

Alessandra Ambrogi, advogada especialista em direito desportivo lembra que “sem adentrar a discussão das alterações no organismo do atleta ocasionados pelo uso de “maconha”, é importante temos em mente que o doping no esporte corresponde ao uso de substâncias proibidas que estimulam o crescimento muscular ou melhoram o rendimento e resistência física do atleta, de modo que o antidoping tem como objetivo, além de eliminar o doping do esporte, trazer lisura as competições, protegendo a integridade do esporte. Diferente do Brasil e outros países pelo mundo, há estados dos EUA que permitem o uso da maconha além do uso medicinal, que autorizam a utilização recreativa, de modo que o Acordo Coletivo realizado pela NBA e a NBPA, nestes locais não infringem legislações norte americanas.”.

Mas Alessandra destaca também que “a 33ª Convenção Geral da Unesco, destacando o importante papel do esporte na proteção da saúde, na educação moral, cultural e física, e na promoção do entendimento internacional e da paz e promovendo a prevenção e o combate ao doping nos esportes, com vistas a sua eliminação, adotou a Convenção Internacional contra o Doping nos Esportes, que determina que os Estados-Partes adotem procedimentos de controle de doping, inclusive para detecção do uso da “maconha””.

A cannabis é proibida pelo código da WADA por conter THC, classificada como “substância de abuso”. O canabidiol (CBD), também encontrado na maconha, é liberado por não ter efeito narcótico e tem sido utilizado para melhorias em dores crônicas e aspectos emocionais. No entanto, a NBA segue as próprias regras antidopagem.

“Em termos de regras especificas, cada federação tem a sua. Se for uma federação signatária do Código da WADA, precisa seguir as regras da agência. A NBA é um evento privado, não ligado à FIBA (Federação Internacional de Basquete) – que é signatária da WADA. Portanto, em teoria, apenas os jogadores ligados à federação estão sujeitos as regras do código”, explica Lara Santi.

“NBA, NFL e UFC são eventos privados, não são federações internacionais de modalidades olímpicas. O basquete é olímpico, mas aí é jurisdição da FIBA”, acrescenta a biomédica.

Em nenhuma outra liga dos EUA é permitido o uso da maconha, embora a NFL também esteja estudando sua liberação progressiva.

A discussão sobre o uso da maconha no esporte aumentou nos últimos anos. Em 2021, a velocista norte-americana Sha’Carri Richardson foi suspensa por um mês e acabou perdendo os Jogos Olímpicos de Tóquio mesmo tendo vencido a seletiva dos Estados Unidos nos 100m rasos. Na ocasião, a atleta revelou que fez uso da cannabis para conseguir lidar com a morte de sua mãe.

O regulamento da WADA prevê que, caso o atleta comprove que o uso da maconha não teve relação com a performance esportiva, a suspensão é de três meses. A pena pode ser reduzida para um mês se o mesmo aceitar participar de tratamento com o órgão do país responsável por antidoping, como ocorreu com a velocista norte-americana.

Crédito imagem: Getty Images

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