O basquete mundial poderá passar por uma grande transformação em breve. Assim, como no futebol, com o projeto da Superliga Europeia, diferentes entidades estão se reunindo e avaliando a possível criação da ‘NBA Europeia’. Na última sexta-feira (22), a Federação Internacional de Basquete (Fiba), a National Basketball Association (NBA) e a Euroliga se reuniram para “falar sobre a unificação do basquete europeu”, após a divisão da liga europeia em 2000.
“Em tempos de Superliga no futebol, os clubes da Euroliga fazem o movimento completamente inverso. Alguns clubes voltaram a dialogar com a FIBA, a mesma que se via em constantes conflitos com as entidades desde a criação do torneio, em 2000. A ideia da NBA, em colaboração com a FIBA, em abrir uma competição no forte mercado europeu, nos moldes que ocorrem na África, é basicamente a expansão da marca e a evolução do esporte. Por outro lado, a insatisfação das equipes europeias é muito parecida com a que gerou a separação: descontentamento com a gestão, no caso com o possível afastamento do CEO e busca por mais receitas, uma necessidade impulsionada pela crise econômica ocasionada pela pandemia. Contudo, essa saída, pelo menos a curto prazo, não parece tão fácil, tendo em vista os contratos televisivos e de marketing vigentes”, afirma João Paulo Di Carlo, advogado especialista em direito desportivo e colunista do Lei em Campo.
“A notícia da possível criação de uma nova liga europeia associada à NBA e com o aval da FIBA mostra como a tradicional estrutura piramidal do esporte comporta interessantes variações conforme as necessidades de cada modalidade. E faz lembrar que as ligas não necessariamente são um corpo estranho a essa estrutura; pelo contrário, podem fazer parte dela, como a própria Lei Pelé prevê em relação ao Sistema Nacional do Desporto”, completa Pedro Mendonça, advogado especializado em direito desportivo.
Se a ideia for levada adiante, quer dizer que clubes do basquete europeu poderão jogar contra o Lakers, por exemplo? Não. O que mudaria seria que o controle da marca passaria para a NBA, que seria sua quinta competição, juntamente da NBA, WNBA, Development League e BAL (Basketball Africa League).
De acordo com o ‘Marca’, um dos principais entraves para a criação da NBA Europeia, que já possui escritório em Londres, é o acordo assinado em 2015 pelos clubes da Euroliga com a multinacional esportiva IMG (International Management Group) por 10 anos e 630 milhões de euros. Esse contrato prevê que os clubes recebam 60% pelos direitos de televisão e marketing.
Em comunicado, a Fiba confirmou que “uma reunião foi realizada em meados de setembro para abordar a unificação do basquete europeu”, por iniciativa da própria e com a presença da Euroliga.
“Como um agente chave no crescimento do nosso esporte e um colaborador de longa data da Fiba, a NBA também foi convidada e participou da reunião”, acrescentou a Fiba, em resposta a uma reportagem do jornal esportivo espanhol ‘Marca’, que na quinta anunciou os planos para a criação de uma ‘NBA Europeia’.
“O basquete europeu e mundial está perto de experimentar um terremoto sem precedentes na história de suas competições. Como o Marca apurou, a NBA e a Fiba já começaram a negociar a criação da NBA Europa, a divisão europeia da melhor liga do mundo. Negociações que estão no caminho certo para que esta divisão veja a luz no futuro iminente “, explicou o jornal espanhol.
Também nesta sexta-feira, a Euroliga emitiu um comunicado desmentindo as informações. “As questões discutidas naquela reunião nunca incluíram a criação de uma divisão da NBA na Europa”, disse a liga europeia.
Sem definir claramente os detalhes do projeto, o jornal espanhol destacou que a nova competição substituirá a Euroliga, mas não será integrada à NBA.
Independentemente de o projeto ter ou não o prestigioso selo da NBA, o acordo tripartido colocaria fim às coincidências do calendário entre os jogos internacionais da Euroliga e da Fiba, que às vezes geram conflitos de datas.
Crédito imagem: iStock
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