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Nem na FIFA nem no Vasco – gestões prometem mudanças, mas estão longe de mudar

Se o aprendizado se dá pelo exemplo, como a FIFA cobrará das entidades de prática desportiva uma postura correta e íntegra?

Os escândalos que levaram a entidade máxima do esporte para as páginas policiais do mundo todo não foram suficientes para que a FIFA mudasse, de uma vez por todas, as condutas de transparência e ética.

Na mesma noite em que a atual presidência do Vasco consegue escapar de uma sindicância, o ex-dirigente da FIFA afirma que a entidade mais importante do futebol continua com um cartel político e vai na contramão da transparência prometida na posse da atual gestão.

O Vasco da Gama, em votação apertada do Conselho, liberou o presidente do clube de sindicância que investigaria uma diferença contábil de 4 milhões de reais de prejuízo e que, por consequência, culminaria com o impeachment do presidente, Alexandre Capello. Essa foi a terceira vez em que o gestor à frente do clube escapou de investigações – as demais foram por suposta evasão de divisas, por empregar sócios no departamento médico e por gestão temerária.

Com o veto, quem perde é a Vasco.

As investigações trariam à tona a verdadeira administração. Se irregular, os culpados seriam punidos; se correta, a presidência sairia fortalecida por ser transparente na prestação de contas, preservando a imagem ilibada como aliada.

O problema é que, quando o exemplo não vem de quem deveria dá-lo, tudo fica mais complicado.

Amanhã, dia 5 de junho, tem eleições na FIFA. Mas essas eleições não terão mudanças na cúpula da entidade, pois Gianni Infantino, atual presidente, será reeleito. Ele é candidato único para continuar à frente da FIFA.

O cara que assumiu a instituição logo após todas as investigações e prisões que mancharam a principal administradora do futebol, no discurso de posse, se comprometeu a limpar a casa. Sem cumprir o prometido, chega como candidato à reeleição cometendo os mesmos erros que o seu antecessor.

As comissões criadas para fiscalizar e investigar irregularidades e aumentar os controles da FIFA duraram apenas alguns meses. A alta administração não pode atuar com independência e foi pressionada a decidir mesmo que em desacordo com as regras da própria entidade.

A centralização das decisões da atual gestão tem mostrado ao mundo que a transparência e a democracia não são prioridades. As críticas também não são bem-vindas, tendo em vista que as denúncias de corrupção são tratadas como crime de difamação, seja contra a FIFA, seja contra outro dirigente.

Tanto o Vasco como a FIFA precisam perceber que os maus exemplos são vistos e seguidos não apenas por quem administra, mas por todos aqueles que vivem o futebol. Em uma época em que compliance, Lava Jato e FIFAGate estão nas manchetes dos jornais do mundo todo, o esporte não pode retroceder nos pontos básicos de uma gestão profissional, que são governança e transparência.

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