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Nike, a deusa a vitória

Não foi até 72 que decidiram homenagear as mulheres batizando a marca esportiva mais valiosa do mundo. Nice, Nikeke ou, simplesmente, Nike, antes de protagonizar as campanhas de marketing mais poderosas do esporte, já personificava o triunfo e a glória para os antigos desde os tempos em que o mundo é mundo.

Representada por uma coroa de louros e por suas costas aladas, a deusa da vitória, como era conhecida, podia correr e voar em velocidade impressionantes.

Objeto de devoção pelos atenienses, a toda poderosa Nike era considerada fonte de boa sorte nas batalhas que, curiosamente, não travava sozinha, senão ao lado de sua fiel escudeira Athena, deusa da sabedoria. Imaginem o meu espanto. Depois de anos nascida e criada no esporte, a gloriosa descoberta. Se não eram elas, lado a lado, quem guiavam os guerreiros mais poderosos da Europa, inspirados por sua força e inteligência estratégicas.

Se me permitem o aparte, faço uso dos parênteses pra dizer que deviam dar isso na escola, ao revés de nos separarem entre meninos e meninas nas aulas de educação física. Como a essa altura esse penoso lamento não adianta de muito, voltemos à história fantástica do panteão grego.

Filha de Styx – a deusa dos juramentos inquebráveis – reza a lenda que Nike voava sobre os campos de batalha para premiar os vencedores. Coroava com a fama e a glória quem fosse fiel aos seus objetivos, e para alcançá-los soubesse usar a estratégia, o foco, a disciplina, e o controle emocional. Por isso, ano após ano, os Athenienses lhe erguiam templos em homenagens depois de uma importante vitória militar.

Tão presente era a sua figura, que não à toa gritava “Nike!”, “Nike!”, “Nike!” o mensageiro que percorreu os 42 km que separavam Marathonas de Atenas ao chegar na acrópole, e anunciou a vitória dos gregos em uma das batalhas mais importantes da sua existência. O sujeito se chamava Filipides. O melhor dos atletas atenienses morria ali, de exaustão, depois da saga incansável. Além de eternizar os 42 quilômetros que formam maratonas por todo o mundo, é homenageado a cada quatro anos por aqueles que carregam a tocha até a pira olímpica.

Quanto à Nike, séculos depois, também não haveria de ser esquecida. A testemunha das batalhas assina hoje as belas coleções de material esportivo e, de uma forma ou de outra, continua a paramentar os soldados que entram para batalhar entre a eternidade da glória e o esquecimento da derrota. Quem sabe, como acontecia antes, continua a voar baixo pela arena da partida, e a beijar a testa dos vencedores que lhe sorriem.

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