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Nova camisa do Goiás, erro ou acerto de marketing?

Nova camisa do Goiás: erro ou acerto do marketing?

Na Europa a venda de camisas é uma importante fonte de receita para os clubes. O Barcelona, por exemplo, tem vendido, em média, mais de 3,5 milhões de camisas por ano.

Entretanto, na América do Sul, especialmente no Brasil, a venda de camisas ainda engatinha. O São Paulo, que venceu o Barcelona na final do Mundial de 1992, vendeu menos de 1 milhão de camisas no último ano.

Ano após anos, os clubes brasileiros têm criado estratégias de marketing para alavancar a venda de camisas.

Nesse esteio, o Goiás, antes do lançamento das novas camisas de 2019, lançou um teaser com modelos bonitas e sensuais. Como tem sido praxe, as redes sociais, impulsionadas pela patrulha do politicamente correto, incendiaram-se de críticas e ataques ao clube goiano.

Inicialmente, importante destacar que passou da hora de acabar com o discurso hipócrita de que a campanha avilta e objetifica a mulher. Ora, o sexo e a sensualidade fazem parte da vida e não devem ser tratados como tabu. Mulheres bonitas tal como homens bonitos geram atração sexual para o público-alvo de qualquer campanha publicitária.

É público e notório que o alvo principal da venda de camisas de futebol é o público masculino, sendo, portanto, justificável campanha publicitária com modelos profissionais fundindo a beleza feminina com o futebol. Homens sensualizando são frequentemente utilizados em propagandas, e não há nenhum comentário sobre sua objetificação.

Ou seja, o preconceito e a objetificação das mulheres está na cabeça e nos olhos dos que criticam, e não de quem faz o marketing. Sob o ponto de vista técnico, a sensualização no marketing traz resultados reais.

Estudo realizado pela Universidade de Tecnologia de Sidney (UTS), na Austrália, mostrou que os homens ficam mais dispostos a gastar mais quando se deparam com alguém que eles consideram ser mais atraente do que eles, ou seja, os homens compram mais produtos cuja publicidade utiliza homens bonitos e sensuais.

Ademais, as propagandas utilizam a técnica da persuasão para atingir seu público-alvo. Persuadir é construir no terreno da ação: “quando persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize” (RIBEIRO, 2005, p. 410). Persuadir, ainda, é falar à emoção do outro.

Platão, na obra “A República”, já defendia que as pessoas tendem a eleger seus representantes baseadas na concupiscência, ou seja, no desejo sexual. Assim, trata-se de estratégia efetiva de marketing que, no caso concreto, teve extremo sucesso, uma vez que foi o assunto mais comentado nas redes sociais no dia da divulgação do teaser.

Mesmo as críticas trazem resultado positivo, conforme destacado no New York Times, na matéria  “Good News, Bad News“, de Rob Walker. Segundo a matéria, a publicidade negativa pode ajudar, pois “o ato de apresentar algo a um público maior — mesmo que seja para dizer que aquilo não presta — aumenta a chance de que mais pessoas desse público desejem aquilo”

Assim, a publicidade negativa tem, de fato, efeito positivo sobre a visibilidade e as vendas de produtos pouco conhecidos, eis que chamam a atenção do público para eles. Com o passar do tempo, esse efeito é ampliado, pois o cliente talvez não se lembre de um detalhe negativo, mas se recorda de ter ouvido alguma coisa sobre o produto, mesmo que não lembre exatamente o que foi que ouviu.

Dessa forma, no caso do teaser do Goiás, a crítica ruim se tornou “publicidade grátis”, e aumentou no público a consciência da existência de sua nova camisa.

Portanto, apesar de toda a chatice trazida às redes sociais pelos Millenials e pela patrulha do politicamente correto, mulher e futebol têm tudo a ver, e mais: a utilização da sensualidade e do sexo na publicidade é uma ferramenta de muito sucesso, e não acabará, doa a quem doer.

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Referências
https://www.dm.com.br/esportes/2019/07/polemica-do-goias-video-de-lacamento-da-nova-camisa-foi-ideia-da-jornalista-thais-freitas/.
RIBEIRO, Manoel Pinto. Gramática aplicada da língua portuguesa. 15. ed. Rio de Janeiro: Metáfora, 2005.
New York Times. https://www.nytimes.com/2010/10/31/magazine/31fob-consumed-t.html?ref=magazine.
CARVALHO, Nelly – PUBLICIDADE – A linguagem da sedução. 3. ed. Ed. Ática, SP.

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