Com campanhas irregulares na Série B do Campeonato Brasileiro, Vasco, Botafogo e Cruzeiro voltaram a despertar especulações de que a Nova Liga de clubes, planejada para sair do papel já no ano que vem, poderia convidar os três clubes tradicionais para disputar a elite em 2022, independente da colocação que terminarem na edição deste ano, uma espécie de “virada de mesa”. A informação foi revelada pelo site ‘Terra’.
No entanto, segundo o que determina o Estatuto do Torcedor, isso não poderia acontecer e causaria uma grande judicialização no futebol brasileiro.
“Não vejo a menor possibilidade de haver virada de mesa. O Estatuto do Torcedor é claro no sentido de que é direito do torcedor que a participação em competições seja exclusivamente em virtude de critério técnico. Eventual ‘virada de mesa’ fatalmente seria objeto de ação judicial movida por algum torcedor ou pelo Ministério Público”, afirma Gustavo Lopes, advogado especialista em direito desportivo e colunista do Lei em Campo.
Vinicius Loureiro, advogado especializado em direito desportivo, explica que há um conflito à cerca da situação.
“Essa é uma discussão grande. As Ligas são independentes e poderiam, em tese, escolher seu formato de disputa. O Estatuto do Torcedor, por sua vez, exige que o acesso e descenso seja por critério técnico, mas não fala nada sobre a primeira edição, que é o caso. Na teoria, seria possível distribuir os clubes de qualquer forma na primeira edição, devolvendo os três ditos grandes à elite. Na prática, no entanto, isso é mais complicado. Dependeria da concordância da maioria dos clubes, o que imagino não ser viável. Soa mais como uma ilusão dos próprios clubes do que uma possibilidade real. Ilusão de grandeza que é a maior responsável pela fase atual dessas equipes”, explica.
Por enquanto, isso não passa de mera especulação, mas caso de fato aconteça, seria um grande passo atrás na moralização do futebol nacional. Segundo o ‘Terra’, o assunto já domina pautas de conversas entre conselheiros do Cruzeiro e do Botafogo, havendo o cuidado de não dar publicidade à eventual iniciativa.
Para Gustavo Lopes, “só de ser aventada essa possibilidade, a Liga já se enfraquece. Isso por que ela surgiria não para modernizar o futebol brasileiro, mas para ressuscitar velhas práticas absolutamente reprováveis”.
Como a liga ainda não foi criada na prática, não há um responsável que fale formalmente em seu nome, o que dificulta qualquer esclarecimento.
Fato é que Cruzeiro, Botafogo e Vasco estão distantes da zona de acesso na Série B. Os três clubes não conseguem fazer campanhas consistentes, vivendo de altos e baixos na competição nacional.
Crédito imagem: Ramon Lisboa
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