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Nova punição do COI reforça perseguição política de Belarus contra atletas

O Comitê Olímpico Internacional (COI) voltou a punir o Comitê Olímpico de Belarus. O motivo é novamente a perseguição política contra atletas que se posicionam contra o governo do presidente Aleksandr Lukashenko. A sanção foi definida nesta segunda-feira (8) após uma reunião do Conselho Executivo da entidade que entendeu que o país falhou ao não proteger seus atletas.

Ao aplicar a punição, o COI exigiu novamente que não haja discriminação política dos atletas e reforçou uma sanção imposta em dezembro ao país: a suspensão dos pagamentos para o Comitê Olímpico de Belarus (exceto bolsas de estudos dos atletas e da preparação para Tóquio) e exclusão de conversas sobre o país sediar futuros eventos olímpicos.

“Essa decisão do COI em face da Belarus é correta e vem de acordo com os preceitos da carta olímpica vigente, em especial no que se refere à prática do olimpismo como forma de promoção de uma sociedade pacífica e preocupada com a dignidade humana, bem como da necessidade do esporte olímpico combater as discriminações, sejam elas quais forem. Igualmente, essa decisão consolida a importância do esporte e das entidades desportivas em buscar a pacificação de conflitos e a igualdade entre todos os indivíduos”, afirma Alberto Goldenstein, advogado especialista em direito desportivo.

“O COI é uma organização privada, apesar de ser financiada por todas essas organizações, logo faz todo sentido que ela não concorde em financiar determinados países que violem os princípios democráticos e humanos. Acho totalmente válido esse tipo de punição, mas ela precisa ser válida para todos os países do mundo, de forma geral, e não apenas um ou outro. É função do COI fiscalizar os atletas. É uma questão muito importante esse levante das instituições democráticas contra todo e qualquer tipo de autoritarismo”, ressaltou Mônica Sapucaia, advogada especialista em direitos humanos.

A Carta Olímpica, conjunto de regras e guias para a organização dos Jogos Olímpicos, determina autonomia do comitê olímpico nacional em relação ao governo de seu país.

“O COI sempre privilegia os atletas, garante que eles não sejam afetados por disputas políticas. As medidas têm como alvo os dirigentes. Os atletas que estão se preparando para as Olimpíadas vão continuar sendo apoiados”, disse Mark Adams, porta-voz do COI.

O desgaste na relação entre COI e Belarus não é de agora. A entidade não reconhece a eleição de Viktor Lukashenko, filho do presidente Aleksandr Lukashenko, para a presidência do Comitê Olímpico do país, assim como a eleição de Dmitry Baskov para o Conselho Executivo da federação. A dupla está excluída de todas as atividades do COI, inclusive dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Essa não é a primeira punição do COI imposta a Belarus. Em dezembro do ano passado, a entidade suspendeu membros do Comitê Olímpico nacional e o presidente Aleksandr Lukashenko, e congelou parte dos pagamentos financeiros que seriam realizados. A partir daí, ficou decidido que os atletas bielorussos que quisessem participar dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 não poderiam defender a bandeira de sua nação, ou seja, teriam que participar sob bandeira neutra, assim como farão os atletas russos.

Na época em que se iniciou a investigação, a nadadora e medalhista olímpica Aliaksandra Herasimenia, denunciou que o governo, juntamente com o comitê olímpico nacional, intimidou ao menos 40 atletas e prenderam outros 10.

Aleksandr Lukashenko está na presidência de Belarus há 26 anos. Em agosto de 2020 foi reeleito após um pleito repleto de polêmicas. Isso porque não foram consideradas livres, dando início a uma série de protestos no país contra o atual regime.

As manifestações contaram com a presença de diversos atletas, gerando uma série de perseguições. O vice-campeão em Pequim 2008, Andrei Krauchanka, foi um dos presos e agora quer competir nos Jogos Olímpicos de Tóquio sob a bandeira do COI, de forma independente.

“Eu não quero representar esse regime de todo modo. Você teria de ser egoísta para apenas deixar tudo para trás e ir treinar, como se nada estivesse acontecendo. Para treinar normalmente e se preparar para um resultado, é preciso estar com a cabeça no treinamento. Mas minha mente, infelizmente, está em outro lugar. Está na realidade de Belarus, onde milhares estão na prisão sem motivo”, declarou Krauchanka, que se recupera de uma lesão em Moscou, na Rússia.

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