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Novo presidente garante Cruzeiro “transparente” e combate aos “criminosos”

Sérgio Rodrigues nem tinha assumido oficialmente quando enfrentou o primeiro desafio de sua gestão, encontrar recursos para pagar o Zorya pela contratação de Willian, e evitar uma nova punição da FIFA ao Cruzeiro. Ele conseguiu. Mas a missão que começou oficialmente nesta segunda promete novos, e complicados, desafios. As primeiras atitudes animam. O novo presidente assumiu prometendo uma gestão profissional e auxílio permanente para punir quem colocou o clube nessa crise gigante.

“Vamos fazer de tudo para contribuir na apuração do que aconteceu no Cruzeiro. Temos a investigação da Kroll, que foi entregue à polícia e ao Ministério Público. Eu já fiz contatos com a polícia e com o MP, colocando o clube à disposição para o que for preciso. Esperamos que exista um indiciamento dos envolvidos no âmbito criminal, e na medida que isso ocorra, também iremos tomar as medidas cíveis possíveis, como bloqueio de bens, para que o clube seja ressarcido. Além disso, administrativamente iremos buscar a expulsão de quem lesou o Cruzeiro”, me disse Sérgio.

Já escrevi aqui, mas quando a gente fala do Cruzeiro é sempre importante reforçar. Ainda tenho a sensação de incredulidade. É quase inconcebível que uma gestão de um clube de futebol, ainda mais com um departamento jurídico grande como o do Cruzeiro, tenha agido de maneira tão irresponsável ou, e dependendo do que apontar as investigações, de maneira criminosa.

A apuração dos fatos se torna indispensável, e os responsáveis precisam ser punidos. E existem caminhos legais para isso. Já passou da hora do esporte ser sinônimo de território da impunidade no Brasil.

Mas tão importante quanto punir erros do passado, é proteger o clube para o futuro. Para evitar que o descontrole não se repita, é importante profissionalizar a gestão, com a adoção de projetos de integridade, investindo em governança e compliance. O novo presidente promete transparência, e um clube mais protegido daqui para frente.

“A gente bate muito na tecla da importância da integridade, governança e compliance. Durante a campanha pegamos três professores da área para nos ajudar na elaboração de um estatuto que proteja o Cruzeiro. Isso ajuda a criar ciclo virtuoso, já que governança e compliance geram credibilidade, e isso gera patrocínio e atrai investidores”, garantiu Sérgio.

Endividado, punido pelo movimento esportivo, e em crise técnica.

O momento é grave, mas o Cruzeiro tem um capital histórico, alimentado pela paixão da torcida. É dessa forma, e apostando em uma gestão profissional, que o presidente promete reerguer a instituição, sem pensar em uma mudança na natureza jurídica. Transformar o Cruzeiro em clube-empresa não está nos planos de Sérgio.

“Os projetos de clube-empresa que estão sendo analisados no Congresso são importantes, mas não vemos como alternativa para o Cruzeiro a curto prazo. Até porque nosso estatuto coloca algumas barreiras para isso. Eu acho que a qualquer clube para ser comprado, adquirido, também precisa evoluir nessas questões de governança”.

A natureza jurídica, se um clube é empresa ou associação, não é condição determinante para o sucesso administrativo da instituição. Temos clubes associativos que viraram referência de gestão, e outros que são desastres (o Cruzeiro é exemplo). E clubes-empresa que são bem administrados, e outros que foram uma tragédia.

Independentemente da natureza jurídica que se tenha, o indispensável é que a gestão seja profissional, ética e transparente.

Tudo que o novo presidente propõe. O discurso é para vencer a desesperança.

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