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O caráter pedagógico da pena, a ausência de proporcionalidade e as sanções aplicadas aos casos de racismo na Libertadores 2022

Por Matheus Raymundo

Não é novidade para ninguém que a edição deste ano da Conmebol Libertadores está repleta de casos de racismo, em especial contra torcedores de clubes brasileiros. Na primeira fase, adeptos do Fortaleza foram hostilizados, no Estádio Monumental de Nuñez, por ocasião do jogo contra o River Plate e corintianos foram vítimas deste ato deplorável, desta vez praticado por fãs do Boca Juniors, tanto na Bombonera quanto na Neo Química Arena. O clube xeneize foi punido com multa, nas duas ocorrências.

A Confederação Sul-Americana de Futebol majorou a pena pecuniária, numa tentativa de combater o racismo, alterando o art. 17 do seu Código Disciplinar, com a mínima passando a ser de cem mil dólares, ao invés de trinta mil, além da possibilidade de interdição parcial do estádio ou até mesmo de jogos sem a presença de público.

Baixas sanções financeiras aos clubes dos torcedores racistas não estimulam o combate a um dos crimes mais desumanos, que utiliza a cor do indivíduo para constrangê-lo. Enquanto o caráter pedagógico das penas estiver em segundo plano, com as entidades deixando de aplicar penalidades esportivas como perda de pontos, a eliminação do campeonato e proibição de disputa de futuras edições, o preconceito segue ganhando corpo.

Por outro lado, a ausência de proporcionalidade na aplicação das condenações é de se lamentar. A proibição da entrada de bandeirões atenta contra a cultura do futebol sul-americano e, para a Conmebol, parece ser mais grave que atos preconceituosos, racistas e homofóbicos.

Fica a expectativa de que, num futuro não muito distante, tais regras sejam revistas e haja a aplicação proporcional das penas, de acordo com a gravidade da infração cometida e que as arquibancadas da América do Sul sejam destaque pelas tradicionais festas dos torcedores, não pelos seus gestos racistas.

Crédito imagem: Brenno Rebouças/O POVO

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Matheus Raymundo é advogado e jornalista, pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Direito Desportivo. Atua como comentarista na TV Cultura do Pará e no DSports. Trabalhou no DAZN Brasil, como repórter e comentarista. Também é Analista de Desempenho no Futebol Profissional, graduado pela CBF Academy e Gestor Técnico no Futebol, pela Universidade do Futebol.

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