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O esporte a serviço da vida

Em 29 de agosto de 2005, o furacão Katrina atingiu a cidade de Nova Orleans, causando imensa devastação e a perda de mais de 1.400 vidas humanas.

Menos de duas semanas depois, no dia 08 de setembro daquele ano, o campeonato da NFL iria começar.

O Superdome, estádio utilizado pelo New Orleans Saints e que seria o palco dos jogos da equipe da Louisiana naquela temporada, passou a ser utilizado como local de abrigo para os sobreviventes.

Nos primeiros momentos após a passagem do Katrina, cerca de 9 mil pessoas tomaram o estádio. Nos dias seguintes, esse número já era superior a 20 mil.

À medida em que o tempo transcorria, os níveis de degradação subiam. Sujeira acumulada, vandalismo, casos de estupro e suicídios…

O Superdome virou um palco de horrores que algumas centenas de oficiais da Cruz Vermelha e da guarda civil norte-americana tentavam amenizar e controlar.

Buracos no danificado teto do estádio faziam com que a luz do sol chegasse em parte das arquibancadas e até o gramado. Somente isso amenizava as trevas, mas elas iam muito além da mera escuridão.

A NFL manteve o calendário da temporada, alterando somente o local das partidas do New Orleans Saints como mandante. Jogando em Baton Rouge e em San Antonio, a equipe venceu somente 3 jogos naquele ano.

Na temporada seguinte, com a contratação do treinador Sean Payton e do quarterback Drew Brees e tendo selecionado o running back Reggie Bush no Draft, o Saints renovava as suas esperanças. E renascia. New Orleans também.

Era uma segunda-feira, 25 de setembro de 2006, um Monday Night Football reunindo os rivais New Orleans Saints e Atlanta Falcons. Na volta ao Superdome, reformado a um custo de US$ 193 milhões após toda a destruição provocada pelo Katrina, um lance emblemático, que vale a pena ser visto e revisto: o jogador Steve Gleason bloqueia um punt do adversário e o time da casa marca um touchdown.

Aquele momento de catarse coletiva, vivenciado por 75 mil pessoas dentro do estádio e por outras milhares que acompanhavam a partida do lado de fora, foi eternizado em uma estátua construída em 2012 em frente ao Superdome.

Abaixo da estátua, batizada como “Renascimento” (Rebirth, em inglês), uma placa em que se lê:

Na segunda-feira, 25 de setembro de 2006, Steve Gleason foi responsável por um dos momentos mais dramáticos da história do New Orleans Saints. Ele bloqueou um chute no primeiro quarto do retorno da equipe ao Superdome após o furacão Katrina. Naquela noite, o Saints derrotou seu rival Atlanta Falcons por 23-3. Isso daria início a uma corrida improvável para um time que conquistaria o título da NFC Sul e jogaria pelo título da NFC naquela temporada. Aquele punt bloqueado, naquela temporada, simbolizou o renascimento da cidade de Nova Orleans”.

Tom Benson, o então proprietário da equipe, declarou:

A estátua simboliza o renascimento da nossa cidade, da nossa região, da nossa casa, da nossa equipe. Ela nos lembra de uma noite querida e de um dos lances mais incríveis da orgulhosa história da franquia. Ela estará aqui para que todos possam ver, entrando, saindo ou passando pelo Superdome, para reacender os sentimentos que compartilhamos naquela noite. Ela será um tributo eterno ao espírito e legado do ‘Renascimento’, ao que ele representa e ao impacto duradouro de Steve Gleason nas vidas que ele ajudou a tocar e inspirar.”

Por fim, as palavras de Steve Gleason, o atleta protagonista do lance:

Não quero que isso seja sobre mim e sobre aquela jogada. Quero que seja sobre o que o lance simbolizou, que foi um compromisso desta comunidade para reconstruir. A estátua é sobre como superar a adversidade. É sobre encontrar os seus heróis. É uma questão de compromisso e renascimento para todos.

Nestes dias em que o Brasil se comove e se solidariza com a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, vale a pena lembrar do renascimento de Nova Orleans e de como um estádio e uma equipe esportiva tiveram papel importante na mobilização de uma comunidade rumo à superação de traumas e rumo a um futuro de reconstrução.

Com a ajuda de quem pode ajudar, inclusive dos atores do esporte, o Rio Grande do Sul, a exemplo de Nova Orleans, irá renascer.

Todo o nosso respeito e solidariedade às vítimas e àqueles que, com pequenos ou grandes gestos, têm se tornado heróis. Como Steve Gleason foi herói naquela de renascimento.

Crédito imagem: St. Petersburg Times – Willie J. Allen Jr.

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