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O Esporte no Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres

Quase 1 em cada 3 mulheres em todo o mundo sofre violência física e / ou sexual durante a vida, provocada, principalmente, por seu parceiro, segundo números da ONU Mulheres.

A situação não se torna mais promissora quando avaliamos a situação de mulheres refugidas: números igualmente desanimadores são apresentados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados-ACNUR a cada ano.

E neste ano, por conta da pandemia que ainda assola o mundo, os casos de violência doméstica aumentaram 30% em alguns países, o que foi detectado pelo aumento significativo de contatos telefônicos para os canais oficiais de ajuda contra violência doméstica em todo o mundo.

Em 25 de novembro, para marcar o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, várias instituições realizaram ações para aumentar a conscientização sobre o problema, dentre as quais destaca-se o Comitê Olímpico Internacional, mostrando como o esporte pode ser uma solução também para esse tema, proporcionando espaços seguros para as mulheres e apresentando ferramentas de empoderamento.

Umas dessas ações apresentada pelo COI foi o trabalho do lutador refugiado Amir Al-Awad, que está em treinamento para chegar à equipe olímpica de refugiados do COI nos próximos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 https://www.olympic.org/news/empowering-women-through-self-defence.

Mesmo em treinamento de alto rendimento, Amir idealizou um curso de defesa pessoal para apoiar mulheres, ensinando-lhes habilidades de autodefesa que poderão ser usadas caso essas alunas sejam confrontadas com casos de assédio ou violência.

As aulas acontecem em uma academia apoiada pelo ACNUR, onde um ambiente seguro é ofertado aos refugiados, possibilitando que se integrem através da prática de esportes.

A autodefesa para mulheres se mostrou tão popular que Amir começou a reproduzir essas aulas via internet, ofertadas como uma experiência do programa mantido pela patrocinadora dos Jogos Olímpicos, a empresa Airbnb, tendo o apoio do COI.

Questionado quanto aos motivos que o levaram à tal iniciativa, Amir declara que “as mulheres são a primeira pátria do ser humano: são as criadoras da vida e as primeiras professoras. Portanto, as mulheres precisam ser fortes. Mas, infelizmente, por causa da guerra e da ignorância em nossa parte do mundo, a sociedade parou de valorizar as mulheres como elas deveriam ser valorizadas. As mulheres estão sendo assediadas, verbal e fisicamente, e não há monitoramento ou regras suficientes para devolver às mulheres seus direitos na sociedade dominada pelos homens em que vivemos.”

Além de um incentivo à integração e se tratar de uma prática que traz benefícios à saúde, a iniciativa se apresenta como uma forma educativa e de resgate social, na medida em que se destina a mulheres em situação de risco, sendo a maioria das participantes desprovidas de meios financeiros para participar de aulas dessa natureza caso não fossem ofertadas de forma gratuita.

Interessante constatar ainda que não se trata de pessoas atléticas, mas mulheres comuns, sem preparo físico para realizar movimentos técnicos mais apurados, de modo que a linguagem técnico-esportiva foi adaptada para uma espécie de dramatização em que se utilizam representações da vida real de cada aluna, método capaz de demonstrar às praticantes os cenários onde poderão vir a acontecer os ataques, ajudando a identificar uma pessoa que as esteja assediando ou tentando roubá-los e como reagir em tais situações.

A academia também fornece um número de contato às mulheres que assistem às aulas de autodefesa, para que, se estiverem em uma determinada situação em que precisem de ajuda, possam ligar e pedir ajuda.

Amir reporta que algumas das participantes do curso já conseguiram reagir melhor por meio do ensino recebido e que a autoconfiança do grupo vem sendo fortalecida pelo sistema de autodefesa idealizado.

Assim como o condicionamento físico e os movimentos necessários à prática esportiva, a autoconfiança também pode ser treinada. E nada mais estimulante que a existência de uma rede de proteção que demonstre à vítima de violência que ela não está sozinha.

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