As grandes crises tiram o ser-humano do conforto e obrigam a sociedade a buscar alternativas. Nesse sentido, essas crises desempenha um papel fundamental na história da humanidade.
Foi através das guerras, por exemplo, que a sociedade mundial se transformou no que é hoje, pois a sobrevivência durante as crises somente viabiliza-se àqueles que se preparam melhor. O forno de micro-ondas, por exemplo, foi fruto da Guerra Fria, o GPS e os antibióticos, da Segunda Guerra, dentre outros.
No momento em que o mundo se une para evitar a circulação e a aglomeração de pessoas, muitas inovações e tendências tem surgido. Percebeu-se que a internet pode ser mais importante que a gasolina e que não é necessário estar dentro de um escritório para poder trabalhar com produtividade.
Os artistas, impedidos de realizar seus shows diante da aglomeração de pessoas, inovaram e criaram as “lives”. Essas “lives” nada mais são que um show transmitido ao vivo gratuitamente por alguma rede social (na maioria das vezes o YouTube).
Nestes shows “ao vivo”, os artistas têm exibido marcas de patrocinadores, intervalos comerciais e divulgado marcas. Esses shows ficam gravados na plataforma da rede social e os cantores recebem, ainda, valores por visibilidade e acesso.
Além disso, após as “lives” tem havido grande impulsionamento das músicas nos aplicativos de “streams”. Após a “live” da cantora Marília Mendonça, por exemplo, o número de “streams” de suas músicas teve um aumento de 111% no “Deezer” e 34 canções dela passaram a figurar no Top 200 do “Spotify”.
O fenômeno tem sido tão grande que as “lives” tem incomodado a audiência de tradicionais programas de televisão, como Jornal Nacional, que perdeu quase 400 mil telespectadores em São Paulo durante o show da Marília Mendonça que, aliás, teve pico de 3,2 milhões de visualizações ao mesmo tempo.
Durante as “lives” pulularam nas redes sociais imagens e vídeos das pessoas assistindo aos shows, publicizando o sucesso retumbante dos shows “ao vivo”.
Ainda é cedo para dizer se o fenômeno das “lives” prosseguirá após a época do isolamento sociais. De toda forma, uma nova forma de mídia surgiu e com forte apelo comercial e de público.
Com a parada do futebol durante o isolamento social, os clubes têm se desdobrado para reduzir suas despesas e compensar a grande perda de arrecadação. As emissoras de televisão, por seu turno, têm utilizado reprises de jogos para preencher sua grade.
Há um crescimento absurdo dos chamados e-sports que podem ter um papel inovador nas “lives” do futebol.
Os principais jogos de videogame de futebol são o FIFA e o Pes (Wining Eleven) permitem partidas simuladoras, ou seja, sem que um atleta de e-sports conduza o jogo. Os clubes poderiam transmitir ao vivo a emulação desses jogos em continuidade aos Estaduais que pararam, ou criando minitorneios. Os torcedores torceriam para os jogadores virtuais.
Outra possibilidade seria incentivar a rivalidade entre os atletas. Um jogador do Grêmio, por exemplo, desafia um do Internacional, cada um com sua equipe e com transmissão ao vivo pelo YouTube. Podem-se criar, ainda, competições dentro do próprio clube, com o elenco.
Alguns clubes como o Atlético Mineiro, têm realizado competições de PES. O clube mineiro, em parceria com as empresas SporTI e AlSports, criou a Copa Galo na Veia MRV, a ser disputada por sócios do clube. Não há a previsão de transmissão de “lives” das partidas, mas poderia ser algo interessante.
As transmissões dessas partidas ao vivo podem gerar engajamento dos torcedores carentes pelo futebol com retorno de patrocinadores, naming rights e audiência das redes sociais.
O fato é que os times de futebol, que possuem o consumidor mais apaixonado, precisam buscar inovações e alternativas para o período do isolamento social e a possibilidade de se associar o futebol dos videogames com suas cores, competições e marcas, pode levar ao futebol o fenômeno das “lives” dos artistas.