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O futebol feminino em meio à pandemia

“Acredito que uma das lições da Covid-19 é que mulheres na posição de liderança sabem lidar com uma situação de crise”, declarou Ornella Desiree Bellia, na mesa-redonda que debateu a “Liderança feminina no futebol global”, durante o encontro do World Football Summit, fórum de discussão da indústria do futebol.

A executiva da FIFA defendeu que alguns dos países que se destacaram por respostas mais efetivas ao coronavírus são liderados por mulheres, como Nova Zelândia, Finlândia, Islândia e Alemanha. “Então, acho que agora é a hora do futebol recuar e se reinventar para criar um sistema mais sustentável. E acho que há uma grande oportunidade para as mulheres que têm uma mentalidade diferente, são mais criativas. Elas sempre pensam fora da caixa.”

“Painéis que levantem tópicos para engajamento como a mulher em posição de destaque, não só no esporte, são muito importantes, ainda mais com a visibilidade deste evento. Temas que fogem um pouco do que já é esperado, para inclusão e conhecimento de todos”, comemora Juliana Avezum, advogada especialista em marketing e direito esportivo.

Na mesa-redonda estiveram ainda Ebru Koksal, presidente da Women in Football, entidade de apoio às mulheres no futebol, e Magda Pozzo, coordenadora de marketing global da Udinese e do Watford. “Durante décadas, o futebol foi visto como uma indústria predominantemente masculina branca, e não era normal que mulheres e pessoas de cor estivessem envolvidas. Precisamos garantir que as oportunidades estejam disponíveis e sejam exibidas a todos”, lembra Koksal.

A reconstrução do futebol sem a exclusão das mulheres também é defendida pela Organização das Nações Unidas. A ONU Mulheres e o Comitê Olímpico Internacional (COI) elaboraram um relatório sobre os impactos da Covid-19 em muitas áreas devido às desigualdades de gênero, inclusive no esporte.

“O esporte tem um papel importante a desempenhar, que é não deixar ninguém para trás. As sociedades vão precisar de ferramentas para reconectar as pessoas e reconstruir um senso de comunidade. Atividades e eventos esportivos são ocasiões perfeitas para isso, porque oferecem uma solução tangível para fortalecer a saúde física e mental das populações”, defende o documento.

A preocupação é com a perda do espaço conquistado pelo futebol feminino durante a Copa do Mundo de 2019, quando as mulheres atraíram uma atenção sem precedentes. O evento registrou recorde de público nos jogos e gerou a expectativa de maior paridade de gênero na Olimpíada de Tóquio.

Por causa do coronavírus, alguns campeonatos nacionais foram encerrados pelo mundo, como o inglês e o espanhol. A liga americana já foi retomada, assim como a alemã, que já conheceu seu campeão, o Wolfsburg. Aqui no Brasil, a CBF quer reiniciar o campeonato depois do masculino. A UEFA marcou a Champions feminina para o final de agosto, na Espanha. E a Eurocopa foi adiada para 2022 em razão da mudança da competição masculina de 2020 para 2021.

A notícia mais positiva em meio a tantas incertezas é que os frutos da Copa do Mundo de 2019 ainda rendem. Para marcar o aniversário de um ano da final, a FIFA publicou nesta semana o relatório final sobre o financiamento solidário a ser distribuído para os clubes que tiveram participantes na competição. São cerca de 8 milhões e meio de dólares, entre 822 agremiações profissionais e de base, de 39 associações-membro, para programas de apoio e desenvolvimento do futebol para mulheres e meninas.

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