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O Galo não tem bi?

No dia 25 de março, o Atlético Mineiro completou 113 anos. Em meio às brincadeiras e memes sadios de adversários, destacou-se o mantra: “O Galo não tem bi”.

Após a divulgação pela imprensa de que o balanço do Atlético estaria a indicar 1 bilhão de dívidas, o meme do “primeiro bi do Galo” também ganhou força.

Será que o aniversariante do mês, realmente, nunca teve um bicampeonato?

Após o título do Campeonato Brasileiro de 1971, o Atlético não conquistou novamente a principal competição nacional.

Da mesma forma, a Libertadores de 2013 e a Copa do Brasil de 2014 foram os primeiros títulos do alvinegro mineiro nessas competições.

Naturalmente, a premissa inicial é de que não se consideram os títulos estaduais para essa contagem, em virtude da larguíssima vantagem de Atlético e Cruzeiro em relação aos demais clubes mineiros.

Em 1937 o Atlético conquistou um título importantíssimo que é extremamente menosprezado pela imprensa, pela CBF e pelo próprio clube mineiro, a Copa dos Campeões.

Organizado pela Federação Brasileira de Futebol, a Copa dos Campeões de 1937 foi a primeira competição nacional profissional do Brasil e reuniu os campeões estaduais. Era a maior competição nacional da época.

Tanto que o jornal Estado de Minas, do Grupo Diários Associados, na época proclamou o Atlético campeão brasileiro.

Vale dizer que a primeira competição nacional reconhecida pela CBF é a Taça Brasil de 1969, que desde 2010, junto com o “Robertão”, alçou seus vencedores à categoria de campeões brasileiros.

Apesar de ter sido a única competição nacional de época e de sua importância, o título de 1937 não foi sequer levado à CBF para reconhecimento.

Entretanto, apesar da falta de reconhecimento oficial pela CBF, não seria exagero considerar o Atlético campeão brasileiro de 1937.

Em 1992, a Confederação Sulamericana de Futebol, inspirada na Copa da UEFA, criou a Copa Conmebol, que reunia os melhores clubes não classificados para a Libertadores nos campeonatos de seus países.

No caso do Brasil, do 2º ao 4º lugares no Campeonato Brasileiro e o vice-campeão da Copa do Brasil. As colocações do Brasileirão que classificavam à Copa Conmebol são as mesmas que atualmente classificam para a Libertadores.

Assim, especialmente entre os anos de 1992 e 1997, quando foi criada a Copa Mercosul, a competição possuía nível técnico altíssimo com finais envolvendo clubes tradicionais da América do Sul como Olímpia, Peñarol, Lanús e Rosário Central, além dos brasileiros São Paulo, Santos, Botafogo e o próprio Atlético.

Neste período o Atlético conquistou os títulos de 1992 e 1997.

Além do bicampeonato extraoficial em competições nacionais e do bicampeonato oficial da Copa Conmebol, é importantíssimo destacar o tricampeonato brasileiro do futsal do Atlético (1985, 1997 e 1999) que, especialmente nos títulos dos anos 90 encantou o Brasil com uma equipe repleta de craques como Manoel Tobias e Falcão (dois dos maiores de todos os tempos na modalidade).

Importante destacar, ainda, que em 1978, o Atlético foi campeão dos campeões brasileiros. Não seria um bi com o título dos campeões de 37?

Nesse esteio, é importante que o próprio clube institucionalmente valorize suas conquistas.

Os clubes brasileiros em geral dão pouco valor às suas conquistas e à sua história. Pelo mundo afora, clubes como Barcelona, Boca Jrs, Real Madrid e Ajax ostentam museus contando a sua história e valorizando suas conquistas.

Os torcedores são consumidores apaixonados ávidos para consumir produtos do seu clube de coração. Trata-se de imenso mercado que pode gerar milhões para os clubes.

Portanto, clubes do Brasil, não importa ser clube empresa ou associação, é preciso mais. É preciso mudar os paradigmas. E, apesar do próprio clube não valorizar como deveria, sim, o Galo tem bi.

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