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O jogo do Centrão!! 

Enquanto Palmeiras e Ceará entravam em campo para disputa da 13ª rodada do Brasileirão, a alta cúpula dos três Poderes da República se reunia, sob o pretexto de acompanhar a partida.

No Século XVIII, Montesquieu idealizou o sistema de separação de poderes que foi consagrado na Constituição Brasileira de forma tripartite com o Legislativo, o Executivo e o Judiciário independentes e harmônicos entre si.

A grande relevância da separação de poderes é impedir que haja abuso por concentração nas mãos de uma única pessoa. Por óbvio, os poderes devem agir em conjunto em prol dos interesses da Nação, mas de forma impessoal.

Encontros “amistosos”, fora da agenda oficial, para comer pizza e assistir jogos de futebol desvirtua de forma acintosa a atuação dos poderes da República.

Jair Bolsonaro foi eleito sob a bandeira de recuperar a economia, acabar com a “velha política” e combater a corrupção.

Apesar da inflação crescente e do Brasil ter a moeda mais fraca de 2020, ainda é cedo para atribuir o fracasso da economia ao Governo, eis que ainda enfrentamos as consequências do isolacionismo exagerado e anticientífico realizado pelos Estados e Municípios.

Entretanto, diante de nossos olhos, vemos Bolsonaro praticar o mais claro e afrontoso estelionato eleitoral e a partida entre Palmeiras e Ceará é o grande marco desse movimento.

Centrão é o termo utilizado para designar os partidos e parlamentares brasileiros sem direção ideológica mas que se unem para possuírem maior influência na política brasileira.

Estima-se que o grupo seja formado por cerca de 170 deputados (de um total de 220) de partidos como PP (40 deputados), Republicanos (31), Solidariedade (14),  PTB (12), PSD (36 deputados), MDB (34), DEM (28), PROS (10), PSC (9), Avante (7) e Patriota (6).

Sem grande atuação ideológica, a maioria desses partidos negociam negociar apoio ao Executivo em troca de cargos na administração pública. Por essa razão, o Centrão é expressão da “velha política” e da manutenção do fisiologismo (atuação por interesse dos partidos e dos políticos, e não do interesse público).

E foi a este grupo de políticos que Bolsonaro se rendeu em nome de uma suposta governabilidade.

Render-se ao Centrão é entregar o país aos grandes caciques políticos e perder completamente a esperança do Governo reformista e independente, bandeira de Bolsonaro.

No que tange à luta contra a corrupção, a indicação de Kassio Nunes indica uma guinada abrupta no discurso do Governo. Se antes Bolsonaro associou seu Governo ao punitivista Sérgio Moro, agora entrega-se ao garantivismo que antes da lava-jato impediu a punição de grandes atos de corrupção.

Não se pode questionar o saber jurídico de Kássio Nunes, entretanto, suas decisões como Desembargador Federal indicam uma forte tendência de relevar punições penais em nome de garantias de direitos.

Bolsonaro justifica sua indicação sob o argumento de que precisa haver um Ministro no STF capaz de socializar-se com os demais para influencia-los. Justo Bolsonaro que ganhou a confiança da Nação pelo seu ímpeto disruptivo e pouco diplomático.

Um Presidente da República tem que ser um estadista e ter pulso para enfrentar o centrão e o fisiologismo parlamentar ainda que isto custe o seu cargo.

Não, não é interesse da Nação ter no STF mais um Ministro garantivista. Não, não é interesse da Nação, negociar cargos e reformas indispensáveis com políticos que somente atendem a interesses próprios.

Pode até ser que o tempo mostre que a mudança de rumos tenha se dado como estratégia para trazer o melhor para o Brasil.

Mas o tempo, senhor de todas as verdades, pode indicar também uma estratégia para proteger familiares e se perpetrar no Poder.

O fraterno abraço de Bolsonaro em Dias Toffoli sob as bênçãos de Alcolumbre são a marca do continuísmo da velha política.

Tudo fica ainda mais desesperador quando se olha para 2022 e se vê Dória, Ciro, Marina, Haddad.

Não há nada tão ruim que não possa piorar.

Quanto ficou Palmeiras e Ceará?

Não importa, o Brasil já perdeu.

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