São Paulo recebe, pelo terceiro ano consecutivo, aquele que é considerado o maior evento no mundo para jovens em idade escolar com deficiência. São as Paralimpíadas Escolares. Na edição de 2018, serão quase mil crianças e adolescentes dos 12 aos 17 anos emprestando seu talento em 11 modalidades no Centro de Treinamento Paralímpico, no quilômetro 11,5 da Rodovia dos Imigrantes.
O Comitê Paralímpico Brasileiro organiza a competição desde 2006, com uma breve pausa em 2008, ano dos Jogos Paralímpicos de Pequim. Esta, portanto, será a décima edição consecutiva, o que representa uma política sólida de investimento na base, na formação de atletas, assim como diversificação e regionalização do fomento.
Sim, porque o atleta, para participar, precisa passar por uma seletiva estadual. Isso faz com que as secretarias estaduais se organizem e invistam no esporte para estudantes com deficiência, tal qual é feito no desenvolvimento das modalidades olímpicas no âmbito escolar.
É interessante observar o desencadeamento de fatos que contribuem para a inclusão na sociedade, por intermédio do esporte, da pessoa com deficiência. Basta considerar que as escolas públicas ou particulares se veem obrigadas a capacitar os professores de educação física de modo que incluam a criança com deficiência nas aulas práticas, adaptando-as à necessidade do aluno. Assim se dá a iniciação ao esporte, o que há algumas décadas era impensável ou inviável.
Ao promover a regularidade da atividade física, as escolas oportunizam uma vida saudável aos estudantes com deficiência. O primeiro ganho é esse, e é inegável. Em seguida vem a iniciação no alto rendimento, tendo como incentivo a participação nos jogos estaduais. Os que obtiverem as melhores performances chegam até as Paralimpíadas Escolares do Comitê Paralímpico Brasileiro. Sim, porque há um índice técnico mínimo para chegar à mais importante competição do país para alunos com deficiência.
Assim foi o caminho trilhado por atletas que já levaram a bandeira do Brasil aos pódios dos Jogos Paralímpicos, como o paraense Alan Fonteles, a paulista Verônica Hipólito e o paraibano Petrúcio Ferreira.
O caso de Petrúcio é ilustrativo. Saiu de São José de Brejo do Cruz, bucólica cidade de população inferior a 2.000 habitantes no sertão da Paraíba, para disputar a edição 2013 das Paralimpíadas Escolares. Correu descalço e foi campeão na prova dos 100 m de atletismo, com o tempo que lhe daria o pódio se tivesse competido nos Jogos Paralímpicos de Londres, um ano antes. Petrúcio teve o braço esquerdo amputado quando, ainda criança, acidentou-se com uma máquina de moer planta. Hoje é dono do ouro nos 100 m da sua classe (T47, para amputados abaixo do cotovelo) nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016, campeão mundial e recordista mundial dos 100 m e dos 200 m.
Até aquele ano de 2013, ele mal sabia da existência de uma competição tão grande envolvendo apenas crianças e adolescentes com deficiência. A edição 2018 das Paralimpíadas Escolares começa na terça-feira 20, e se estende até a noite de sexta-feira 23, no CT Paralímpico.
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Crédito foto: Daniel Zappe/CPB/MPix