O Jogo Ético desta semana acompanhou o maior evento de rugby no Brasil. A capital paulista recebeu o jogo entre a Seleção Brasileira de Rugby e uma das seleções mais poderosas e conhecidas do mundo, a da Nova Zelândia, também conhecida como All Blacks.
Esse evento chamou muita atenção pois, além de ter o poderoso All Blacks, com a sua famosa dança maori, a Haka, a partida foi disputada no gigante estádio do Morumbi. E a presença da torcida surpreendeu. Mais de 34 mil torcedores, sendo 25 mil pagantes, foram assistir ao jogo, (a média do Flamengo no Brasileirão deste ano tem sido de 36 mil pagantes).
Essa foi uma ótima oportunidade de notar o espaço que o rugby está ocupando no cenário nacional.
Com suporte de seus 13 patrocinadores (mais inclusive que a Confederação Brasileira de Futebol), sendo alguns garantidos até 2020, a Confederação Brasileira de Rugby (CBRu) está mostrando ao esporte brasileiro que a instituição tem algo diferenciado, que tem atraído parceiros e investidores. O esporte tem se destacado dentro de campo (a seleção brasileira é a atual campeã sul-americana), mas também fora dele. Por meio de um trabalho eficiente, a gestão ganhou uma marca: administração transparente.
Isso atrai dinheiro e desenvolve o esporte. Em quatro anos, a confederação de rugby nacional aumentou a receita em 45%, chegando a mais de 10 milhões de reais por ano. São mais de três milhões de fãs, 300 agremiações, ultrapassando os 60 mil praticantes.
A boa administração da CBRu atraiu muitos interessados em divulgar suas marcas na modalidade. Os esforços de prestar contas apresentados pela gestão, além de manter seus compromissos financeiros e de impulsionar o crescimento do esporte, são fundamentais para isso.
O trabalho rende prêmios. Em 2015 e 2016, recebeu, da Sou do Esporte (ONG), prêmio pelo trabalho diferenciado de governança e transparência.
Desde 2010 as gestões, com duração de quatro anos, têm trabalhado com algo que, infelizmente, ainda é raro no Brasil: a preocupação com a gestão, com apresentar mecanismos de transparência, trabalhar ações de marketing, zelar pela reputação da instituição.
A evolução na gestão ética também está acontecendo no futebol, mas em passos miúdos. As discussões e os debates sobre a necessidade de mudança de comportamento da velha política para uma gestão mais moderna, ética e transparente ainda precisam ser amplificados.
Acompanhamos, nas rodas de conversa com especialistas e comentaristas, na televisão, rádio e redes sociais, que um assunto que se tornou recorrente é a cobrança por uma administração mais eficaz, políticas internas mais eficientes e transparência na gestão do “negócio esporte”. A verdade é que o jogo que acontece fora das quatro linhas continua chamando mais a atenção do que deveria.
Seguindo o exemplo do rugby brasileiro, a mudança precisa ocorrer. Programas de conformidade podem transformar um clube, uma instituição e, principalmente, transformam o esporte.