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O poder transformador das Paralimpíadas Escolares

Luiz Fernando Pereira tem 17 anos e mora em Palmas, capital do Tocantins. Nos primeiros dias de vida, foi abandonado pelos pais biológicos em um terreno baldio na cidade. Por sorte, foi encontrado por uma senhora antes de perder os sinais vitais, e acabou adotado por ela.

Jessika Azevedo da Silva é um ano mais nova, tem atrofia muscular espinhal do tipo 2, caracterizada pela degeneração e perda dos neurônios motores inferiores da medula espinhal e do núcleo do tronco cerebral. Ela mora no Rio Grande do Norte.

Vrajamany Rocha tem 15 anos, perdeu o braço direito após ser atacado por um tigre enquanto brincava próximo à jaula do animal num zoológico no Paraná.

Esses três personagens se encontraram ao longo desta semana no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. Eles participaram das Paralimpíadas Escolares, o maior evento esportivo para pessoas com deficiência em idade escolar do mundo, organizado desde 2006 pelo Comitê Paralímpico Brasileiro.

Luiz tem paralisia cerebral que compromete a coordenação motora, especialmente nos membros inferiores, e a fala. Luiz compete na classe F35, para atletas com mesmo grau de deficiência, e nas Paralimpíadas Escolares disputou lançamento de dardo, arremesso de peso e lançamento de disco.

O estudante tem uma história de vida que impressiona, pois foi encontrado com poucos dias de vida pela sua mãe adotiva em um terreno abandonado. “Quando encontrei o Luiz, meu ex-marido não quis saber de nós por causa da deficiência dele. Então, fui auxiliada pelo meu irmão, que registrou o Luiz como filho e é quem me ajuda a cuidar dele até hoje”, disse Lúcia, mãe do atleta.

Jessika é cadeirante e participou da competição de bocha, modalidade em que se iniciou em 2015, quando uma professora do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, onde estuda e joga atualmente, a encontrou em um shopping e convidou para conhecer a modalidade.

“Eu ficava pensando que esporte era aquele que a minha filha conseguiria praticar. Eu achava que nenhum poderia se adaptar a ela. Então ficamos surpresos e gostamos muito, tanto que estamos até hoje”, conta o pai, que auxilia a filha, nas competições, com a calha pela qual joga a bolinha.

Vrajamany é atleta da natação, modalidade à qual aderiu antes mesmo do acidente com o tigre, em 2014. A amputação não tirou seu talento na piscina: ele é atleta da classe S8, e ganhou todas as provas que nadou nas Paralimpíadas Escolares.

O evento tem esse poder transformador e a incrível capacidade de integrar tantas histórias de vida num só lugar. A edição 2018 encerrou-se na noite da sexta-feira, 23, e a do ano que vem será em novembro de novo. E estão todos convidados a conhecer e se emocionar.

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Foto: atleta Luiz Fernando Pereira, do atletismo (Marco Antônio Teixeira/CPB/MPix)

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