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O seguro morreu de velho

O provérbio é antigo mas vale até os dias de hoje. Com o intuito de dizer que passoas cautelosas conseguem evitar imprevistos e se manterem seguras o proverbio não foi muito eficaz nesses tempos de Covid-19. A pandemia acabou pegando muita gente de surpresa  e vem causado enormes prejuízos financeiros ao redor do mundo, inclusive no esporte. Mas toda regra tem a sua exceção, graças a Wimbledon.

Enquanto o mundo esportivo não parou ainda de fazer o levantamento dos prejuízos que estão sofrendo com as paralizações decorrentes do Coronavírus, Wimbledon,  o Grand Slam que está entre as mais tradicionais competição de tênis do mundo, já comunicou, sem prejuízos, que sua próxima edição será apenas em 2021.

A All England Lawn Tenis club, responsável pelo administração do Grand Slam da Inglaterra noticiou que a organização tem um seguro cuja cobertura da apólise cobre pandemias globais. Segundo o jornal Newsweek, a organização já pagava o seguro há 17 anos.

Pagando algo em torno de 2 milhões de dólares por ano, Wimbledon investiu, ao longo desses 17 anos de pagamentos de seguros, algo próximo de 34 milhões de dólares. Entretanto, em razão da pandemia causada pela Covid-19, a seguradora repassará à organização 141 milhões de dólares pela impossibilidade de realização do evento em Londres.

Em números apresentados pelo jornalista e economista Ricardo Amorim, até o dia 13 de abril, mais de 600 mil empresas quebraram, 9 milhões de pessoas já perderam seus empregos e 110 milhões estão vivendo com a necessidade de  racionar seus consumos no Brasil. E claro, o esporte também vem fazendo a conta de seus prejuízos, o economista Scott Kaplan apurou que se necessário cancela a temporada da NBA 2020, geraria uma perda de 2 bilhões de dólares (10 bilhões de reais), na Lá Liga os números poderia chegar próximos a 678 milhões de dólares (quase 3,5 bilhões de reais). Ao todo, o futebol europeu deve atingir o assustador número de prejuízo de até 20 bilhões de reais segundo a projeção da KPMG.

Gestão de riscos e Compliance andam lado a lado. Não se tem como organizar um programa de conformidade e integridade se não formos capazes de analisarmos quais são os nossos riscos e ficarmos protegidos inclusive das mais remotas possibilidades de algo não dar certo. Essas ferramentas ainda pouco usadas pelos entidades que organizam e administram o esporte são essenciais para que riscos sejam analisados,  mapeados e mitigados.

A prevenção que Wimbledon teve em contratar esse seguro, bastante incomum, foi importantíssimo para que o torneio saísse sem prejuízo e mantivesse a saúde financeira da organização. Isso só demonstra o nível de organização, preocupação e administração que a All England Lawn Tenis club tem com a tradicional competição.

No casos do futebol muitas outras modalidades o que salvou as equipes e pequenas federações foi o socorro financeiro que as ligas e grandes  confederações possibilitaram. Algumas com injeção de recursos, outras com descontos e maiores prazos para pagar suas dívidas, tudo para evitar que essas equipes viessem a fechar as suas portas.

A administração do esporte precisa aprender que futebol ou qualquer outro esporte já deixou de ser apenas um jogo há muito tempo e que o negócio esporte precisa de, cada vez mais, atenção, organização, planejamento, prevenção e gestão profissional. Assim, será possível que tenhamos mais segurança, estabilidade e crescimento.

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