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O show tem que continuar

A temporada 2021 do futebol brasileiro acabou de começar e já existe pressão para sua suspensão. O Ministério Público, inclusive deve recomendar que a CBF suspenda todas as partidas de futebol no Brasil.

Certamente não há que se negar a existência do coronavírus e seu alto grau de transmissibilidade. No entanto, infecção não significa, nem de longe, risco de morte.

Segundo dados oficiais, o mundo teve cerva de 103 milhões de infectados e 2,23 milhões de mortos. Ou seja, a mortalidade é de 2,23% entre os casos catalogados.

Pesquisas apontam que para cada caso diagnosticado há entre 6 e 10 assintomáticos. Ou seja, a mortalidade tende a ser inferior a 0,5%.

Na faixa etária dos atletas, ou seja, entre 20 e 40 anos, o índice de mortalidade é ainda menor.

Violência, acidentes de trânsito e até o aborto sempre mataram milhões de pessoas e nunca houve qualquer restrição de direitos ou cancelamento de eventos.

Anote-se, aliás, que o aborto, segundo a Organização das Nações Unidas, mata em média 55,9 milhões de pessoas por ano. O câncer mata quase dez milhões por ano.

O fato é que se a análise fosse estritamente racional, não haveria razões sequer para se cogitar suspensão de atividades esportivas.

Como Marquês de Pombal agiu após o grande terremoto que devastou Lisboa em 1755, o momento é de enterrar os mortos e cuidar dos vivos.

No Japão, o suicídio matou mais que o Covid-19. O isolacionismo aumentou a pobreza no mundo e deve causar cerca de 115 milhões de mortes.

A humanidade está atordoada e em pânico com as narrativas criadas pelos Governos para justificar a absurda restrição de direitos fundamentais.

A histeria coletiva causada pelo pânico criado por Governos manipuladores criou uma cegueira de tal ponto que não se consegue ver o óbvio: outro lockdown matará mais pessoas que a pandemia da covid-19.

Segundo dados do Datasus em levantamento realizado elo Estadão, o Brasil teve, entre 2008 e 2017 63.712 óbitos por desnutrição. Dados do “Estado de Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo” apontam que em 2017 quase 1 bilhão de pessoas passou fome.

Em 2020, a Oxfam lançou o estudo “O Vírus da Fome: como o coronavírus está potencializando a fome em um mundo faminto.”

O estudo indica que 122 milhões pessoas foram levadas à fome em 2020 como resultado dos impactos sociais e econômicos causados pela pandemia do coronavírus e que 12 mil pessoas podem morrer diariamente de fome. As mulheres são as que mais sofrem com a fome.

Um estudo da Fiocruz conjunto com a Universidade de Londres e com a Fundação Getúlio Vargas de 2019 mostrou que a recessão brasileira aumentou em 8% a mortalidade, o que equivale a 31.415 mortes. Os negros são os que mais sofrem.

Uma matéria de 2014 da revista Harvard Public Health destacou que Uma meta-análise de 2011 das pesquisas internacionais – publicada na Social Science & Medicine por David Roelfs, Eran Shor, Karina Davidson e Joseph Schwartz – descobriu que o risco de morte era 63% maior, durante os períodos de estudo, entre aqueles que vivenciaram desemprego do que entre aqueles que não perderam seu emprego, ajustando-se para idade e outras variáveis.

Desde o início da pandemia a fortuna dos bilionários cresceu 27%, segundo o Banco Mundial.

Interessante observar, ainda, que os grandes defensores do isolacionismo são servidores públicos, grandes empresários e classes mais abastadas.

Os pobres que precisam do emprego e da circulação das pessoas para sobreviver não são vistos insurgindo-se contra “aglomerações”.

No futebol tem-se visto o mesmo. Treinadores e atletas de equipes grandes que não ficarão sem salário e sem emprego se o futebol parar tem defendido a suspensão do futebol.

Será que a grande massa de atletas de equipes pequenas e que recebem menos de dois salários mínimos são a favor da suspensão?

Na prática isolamento social não salva vidas, mas apenas transfere o risco de umas pessoas para outras. Os ricos e abastados quem podem ficar em casa retirarão de si o risco de morte pela Covid e transferirão aos pobres o risco de morte pela fome e pela miséria.

A suspensão do futebol brasileiro nesse momento significará um golpe de misericórdia nos clubes pequenos, o aumento da miséria da grande massa de atletas e quem sabe, até, decretar o fim dos estaduais.

Não há nenhum estudo científico que aponte em que quantidade os “lockdows” estão realmente impedindo a propagação da doença.

O presidente Bolsonaro em suas manifestações tem atraído a ira dos servidores públicos, da imprensa e de membros de classe abastadas que tem o rotulado de desumano.

Por outro lado, as pesquisas têm apontado um aumento significativo na popularidade e no posicionamento eleitoral de Bolsonaro nas classes mais pobres.

O presidente da República está falando para esse público quem tem medo, pânico de sentir fome, que olha para o seu filho subnutrido e que sabe que o lockdown retirará dele e de seus filhos a esperança.

Alguém viu algum microempresário ou algum trabalhador criticar as falas e posturas do presidente?

O que se vê é a voz isolada de uma autoridade contra o genocídio de pessoas pobres condenadas à morte pela fome e pela miséria.

Óbvio que qualquer motivo de morte que seja anunciada, reverberada e contabilizada 24 horas nos noticiários chamará a atenção pelo volume e trará medo e histeria.

Como ensinou José Saramago no “Ensaio Sobre a Cegueira”, estar cego é também viver em um mundo onde tenha acabado a esperança.

O medo escraviza. O conhecimento liberta. Por isso é necessário um movimento neoiluminista capitaneado pela alegria e pela emoção que somente o esporte é capaz de proporcionar.

Suspender o futebol será a derrota da esperança e a vitória da escuridão. O futebol precisa exercer seu papel social pela esperança e pela luz consagrando a vitória da razão sobre o medo.

O show tem que continuar!!!!

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