O site Observatório da Discriminação Racial no Futebol anunciou que pretende lançar mais uma arma importante no combate ao racismo no esporte brasileiro. Um aplicativo, que promete ser seguro, discreto e eficiente, será usado para coletar e denunciar a discriminação racial no ambiente esportivo.
“A principal ideia é que a gente consiga mapear as denúncias que o Observatório recebe através das redes sociais e a partir daí conseguia criar um banco de dados para que ele seja utilizado e consultado pela Justiça Desportiva, Justiça Comum e pelos próprios clubes para que se possa identificar, investigar e punir dentro da lei os infratores”, conta Marcelo Carvalho, diretor da entidade.
O Observatório deixa claro que “não tem poder de polícia ou de Justiça para punir os denunciados, mas buscará – a partir da criação do aplicativo – novas parcerias para encaminhamento das informações”.
Marcelo Carvalho conta que através desse banco de dados, a sociedade encontrará informações sobre o andamento e desdobramentos dos casos de racismo que foram denunciados. Além disso, outra ferramenta importante que virá junto com o aplicativo será de disponibilizar orientações de como e onde as vítimas devem denunciar casos de injúria racial.
“Queremos noticiar, mapear outros casos, que acabam não saindo na mídia, e auxiliar as vítimas de como proceder com a denúncia. Muitas dessas pessoas que sofrem racismo enfrentam dificuldades em registrar boletim de ocorrência, por exemplo”, explica o diretor.
Para Fernanda Soares, advogada especializada em direito desportivo e colunista do Lei em Campo, o projeto é “importantíssimo no combate ao racismo no esporte”.
“É preciso conhecer os casos, é preciso dar visibilidade. Essa divulgação auxilia, não apenas na punição de quem comete atos racistas, mas na formação da consciência das pessoas que ainda relutam em acreditar que existe racismo no Brasil”, ressalta a advogada.
Ao longo dos sete anos de atuação, o Observatório recebeu, encaminhou e atuou em diversas denúncias que os usuários informaram, e procuraram auxílio, via redes sociais.
Segundo levantamento da entidade, com dados obtidos através dos meios de comunicação, os casos de racismo no futebol brasileiro aumentaram nos últimos anos. Confira a evolução:
– 2014: 20;
– 2015: 35;
– 2016: 25;
– 2017: 43;
– 2018: 44;
– 2019: 65; e
– 2020: 31
Marcelo Carvalho conta que a ideia de criar o aplicativo surgiu baseada em um exemplo do Kick Off, entidade que combate o racismo no futebol inglês.
“O Kick Off consegue lançar um relatório bem desenvolvido e completo de casos de racismo no futebol inglês, isso porque a entidade responsável pela plataforma consegue um contanto mais direto com o torcedor. A ideia surge daí, queremos estar mais presentes e ser um canal de denúncias”, revela.
Para prosseguir com o projeto, que ainda não tem data para ser lançado, o Observatório diz que aguarda a busca por parceiros para captação de recursos.
“O racismo não vai acabar no esporte enquanto for tão presente na sociedade, mas o esporte (principalmente o futebol) precisa dar um passo importante no combate e não tolerância da discriminação dentro e fora das quatro linhas”, finaliza Marcelo Carvalho.
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