O Movimento Olímpico é o principal evento esportivo do mundo, isso porque, enquanto vários eventos esportivos colocam o entretenimento em primeiro lugar, as Olimpíadas continuam colocando o conceito mais puro de esporte no topo do pódio.
Acontece que as gerações mais novas não se interessam mais por diversas modalidades esportivas que fazem parte das Olimpíadas, causando a perda de interesse no evento e, consequentemente, fazendo com que ele deixe de receber receitas importantes.
Como meio de contornar essa situação e manter viva a tradição olímpica, o Comitê Olímpico Internacional (COI) está buscando a inclusão de esportes que são populares entre os jovens.
Nas palavras de Thomas Bach, presidente do COI: “Nós queremos levar o esporte para a juventude. Com as muitas opções que o povo jovem tem, nós não podemos esperar que eles virão automaticamente ao nosso lado. Nós temos que ir até eles”.
Nesse contexto serão incluídas, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, as modalidades skate, surfe, escalada, beisebol e caratê. E já se fala muito sobre a possibilidade da inclusão dos esportes eletrônicos.
As modalidades de eSports
Em primeiro lugar, falar da inclusão dos esportes eletrônicos como um todo nas Olimpíadas é errado. É importante lembrar que o esporte eletrônico é um gênero, e não uma modalidade.
Analisando com mais cuidado, é possível identificar que, dentro do gênero eSport, existem diversos subgêneros, como o MOBA (multiplayer online battle arena), FPS (first person shooter), RTS (real time strategy), Sports Games, etc.
Da mesma forma que não se incluem “jogos jogados com bola” na lista de esportes olímpicos, não será possível incluir todos os jogos de um subgênero também, sendo necessária a inclusão individual de cada modalidade.
eSports e o olimpismo
Já houve diversos episódios envolvendo a possível inclusão dos eSports no movimento olímpico.
O atual presidente do Comitê Olímpico Internacional disse que “Os esportes eletrônicos são muito violentos para serem incluídos nas Olimpíadas”, referindo-se aos jogos de tiro.
O COI oficialmente disse que os eSports podem ser, sim, considerados como atividade esportiva, mas não podem infringir os valores olímpicos para fazerem parte dos jogos olímpicos.
Os Jogos Asiáticos de 2018, evento esportivo organizado pelos comitês olímpicos de diversos países do continente oriental, exibiram competições de eSports como esporte de demonstração. Em 2022 já será um esporte com medalhas.
A IeSF (Federação Internacional de eSports) já fez o pedido formal para a entrada no Comitê Olímpico e conversa com a administração parisiense para a inclusão de, pelo menos, um evento independente de eSports durante a Olimpíada 2024, em Paris.
Nem todo mundo é a favor
Já é esperado que diversas pessoas ligadas ao esporte analógico e à tradição olímpica desaprovam considerar esportes eletrônicos como esporte olímpico. Acontece que existem diversas pessoas ligadas ao próprio eSport que também são contra.
Quem se favorece mais com a inclusão dos eSports nas Olimpíadas? Os eSports ou o COI?
Em um primeiro momento, o nome e tradição do COI saltam aos olhos e fazem parecer que a resposta é óbvia.
Mas devemos lembrar que os esportes eletrônicos já deixaram de ser um nicho, são um mercado grande e em rápido crescimento, e talvez o COI, que poderia ter sido um acelerador e se beneficiar com processo de crescimento e ser um player de um mercado consolidado, tenha chegado tarde demais.
Nas próximas semanas aqui no Lei em Campo
No artigo desta semana foram abordados diversos assuntos, mas apenas de forma superficial.
Quais são os subgêneros e modalidades mais populares e suas particularidades?
Quais são os requisitos para que um esporte se torne esporte olímpico?
Quais são os valores olímpicos conflitantes com o eSport?
Qual trabalho a IeSF (Federação Internacional de eSports) tem feito frente ao COI?
O que o reconhecimento olímpico pode fazer pelo eSport, e vice-versa?
Nas próximas semanas, aqui no Lei em Campo, serão discutidos mais profundamente todos esses temas.
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Foto: Divulgação/RIOT GAMES.