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Oposto da seleção brasileira de basquete é vítima de racismo na Espanha. O que esporte pode fazer para mudar isso?

Mais um caso de injúria racial em eventos esportivos foi registrado na Espanha. O armador Yago Mateus, da seleção brasileira, foi chamado de “mono”, macaco, por uma torcedora durante a partida entre o Ratiopharm Ulm e o Club Joventut Badalona, pela Eurocopa, na última terça-feira (7), em Badalona.

Nos últimos meses, a Espanha vem convivendo com recorrentes casos de injúria racial no esporte, em especial com o atacante Vinícius Júnior, do Real Madrid. A LaLiga – organizadora do Campeonato Espanhol – inclusive já realizou seis denúncias envolvendo o brasileiro. Diante dessa situação, um debate precisa acontecer: O que o esporte precisa fazer, além do Estado, para mudar essa situação?

“Em geral, os regulamentos das entidades esportivas internacionais possuem a previsão de proteção dos direitos humanos fundamentais, entretanto, a efetiva aplicação dos mandamentos ainda não é experimentada pelo movimento esportivo. A proteção dos direitos humanos fundamentais não deve ser apenas discurso inserido nos estatutos e regulamentos esportivos. Os organizadores das competições devem criar regras rígidas e, sobretudo, aplicar as regras existentes, para que a proteção seja efetiva”, afirma Filipe Souza, advogado especializado em direito desportivo.

Para Daniel Portilho Jardim, advogado especializado em direito desportivo, medidas de conscientização por parte das entidades esportivas pode ser um dos caminhos para mudar esse cenário.

“As entidades esportivas precisam passar esse tipo de mensagem e é fundamental que os atletas e a imprensa também estejam engajados, para que atos assim, que envergonham a humanidade, aconteçam cada vez menos nos campos, nas quadras e em qualquer esfera da sociedade. Em 2020 vimos o impacto que as ações dos atletas da NBA tiveram no contexto do movimento Black Lives Matter. Todos conhecemos o poder que o esporte tem de impulsionar transformações nas comunidades. Que seja, no fim das contas, mais uma oportunidade para que isso aconteça”, analisa.

Em imagens que circulam nas redes sociais, uma mulher é flagrada gritando repetidas vezes na direção do atleta a palavra “mono”, macaco em espanhol.

O Ratiopharm, clube alemão defendido por Yago Mateus, disse que levou as imagens às autoridades competentes. Em comunicado, o atleta contou que não percebeu as ofensas racistas no calor da partida. Ele disse ainda que quando tomou conhecimento, se revoltou e cobrou providências à organização do campeonato.

“Graças a Deus eu não ouvi na hora porque não sei qual seria a minha reação. Nunca havia passado por isso na minha vida, por uma situação como essa nem no Brasil, nem em outros países onde joguei com meus clubes e com a Seleção Brasileira. Não consigo entender o motivo disso. É revoltante e triste ver que isso acontece, é uma coisa recorrente no esporte, no mundo de hoje, e estamos muito longe ainda da conscientização e de um entendimento de que não há espaço para esse tipo de atitude”, contou Yago.

“O episódio envolvendo o atleta Yago é mais um triste e lamentável exemplo do racismo no esporte. Nos últimos meses, a Espanha vem se tornando palco de manifestações dessa natureza e, desta vez, aconteceu em uma quadra de basquete. É inadmissível que a autora da ofensa não seja severamente punida na forma da legislação local e impedida de frequentar os ambientes esportivos no país. Embora o atleta tenha declarado que não ouviu a agressão no momento, a revolta e os danos são inevitáveis e irreversíveis”, afirma Daniel Portilho Jardim.

A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) emitiu uma nota de repúdio ao crime e cobrou as autoridades espanholas por punições severas.

“A CBB repudia veementemente o crime de racismo praticado contra o atleta Yago dos Santos, do Ratiopharm Ulm e da Seleção Brasileira, durante a partida da equipe alemã e o Badalona, na Espanha, pela EuroCup, nesta última terça-feira.

O crime está gravado em vídeo e a identificação é fácil e rápida. A CBB espera que as autoridades espanholas atuem com o rigor da lei e que crimes como esse não passem mais impunes. Yago, estamos com você, e temos a certeza que NADA irá pará-lo.

De antemão, a Confederação Brasileira de Basketball, através do seu presidente, Guy Peixoto Jr, irá protocolar junto à EuroCup um pedido de investigação do caso para que os responsáveis pelo crime sejam identificados e punidos na esfera esportiva e civil, de acordo com as leis espanholas.

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“Curiosamente, o ambiente do basquete é tido como mais saudável que o do futebol no que se refere ao comportamento das torcidas, mas isso não ocorre em alguns locais da Europa. O momento pede que a FIBA, assim como a FIFA vem fazendo, trabalhe campanhas de conscientização e seja firme em sua comunicação institucional no que se refere ao banimento de condutas preconceituosas nos ginásios e em seu entorno. Além desse esforço, as punições na esfera desportiva tendem a ser necessárias para que as próprias equipes envolvidas nas competições assumam uma postura mais ativa”, finaliza.

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