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Os perigos do otimismo

Corinthians fora da Libertadores, Fluminense e Fortaleza fora da Sul-Americana, Sport, Bahia, Coritiba, CSA e Avai já se despediram da Copa do Brasil, sem falar do Atlético MG fora de ambas, ainda nas primeiras fases. Como esses clubes conseguirão reverter esse cenário inesperado dentro de campo que impacta diretamente no orçamento do clube e prejudica o planejamento de 2020 ainda em fevereiro?

No fim de todo ano, os clubes apresentam as suas previsões orçamentárias para o ano seguinte, projetando seus gastos e ganhos na próxima temporada. Essa previsão do orçamento servirá como norte dos clubes para suas gestões financeiras.

Mas, como se tratam de previsões e nenhum clube tem bola de cristal, o resultado previsto nem sempre – ou melhor, quase nunca – é o planejado. Os resultados de dentro de campo influenciam demais no caixa do clube e essas expectativas não são apenas quanto às receitas de bilheteria, direitos de transmissão ou com negociação de atletas, as premiação com o avanços das equipes nas principais competições sul-americanas tem impactos direitos e indiretos para os clubes. Direto por conta de suas premiações e indiretos em razão consequências de não terem jogos e a visibilidade que as competições proporcionam.

Em 2020, as principais competições que os grandes clubes do Brasil competirão terão prêmios com valores significativos e importantíssimos – para não dizer indispensáveis – para os nossos clubes individados. A Copa do Brasil tem o maior prêmio das competições da América do Sul com cifras que alcançam R$ 72,8 milhões. A Libertadores, competição mais desejada pelos clubes pagará, ao campeão desse ano cerca de R$ 64,5 milhões, Campeonato Brasileiro terá o premio de primeiro lugar R$ 31 milhões e Sul-Americana com premiação de, aproximadamente, R$16,2 milhões.

Tendo em vista que cada competição tem seu prêmio e apenas uma equipe, por campeonato, levará o premiação principal, os clube precisam estimar suas campanhas, pois elas são necessárias para que as previsões orçamentárias possam refletir, mesmo que estimativamente, a provável situação financeira do ano seguinte.

Mas será que os clubes realmente desenham os seus cenários prováveis ou seus sonhos? Será que esse momento de planejar suas realidades financeiras os clubes devem ser otimistas para o ano que virá? Como um clube poderá reverter o seu otimismo orçamentário com resultados ruins dentro de campo? Me parece que, nessas horas, a modéstia e o conservadorismo acabam sendo bons aliados para a saúde financeira do clube.

Comecei o artigo mostrando que, ainda em fevereiro, ao menos nove equipes brasileiras certamente não contavam com suas eliminações de forma tão precoce e, sem duvida nenhuma, precisarão reajustar seriamente as suas contas para o resto do ano.

Os momentos de cada clube, de certa forma, são refletidos em suas previsões, exemplo do Flamengo e Palmeiras, dois dos clubes mais ricos e com equipes mais  qualificadas apresentaram suas previsões e, suas expectativas esportivas acabam sendo, por óbvio, mais ousadas. O Flamengo desenhou sua previsão de 2020 com 2º lugar no Brasileirão, à final da Copa do Brasil e, pelo menos avançar até a semi-final da Libertadores da América, enquanto o Palmeiras mira ficar, ao menos, em 4º no Brasileirão, chegar às quartas-finais tanto da Copa do Brasil quanto da Libertadores.

Em uma condição esportiva e financeiras diferente de Flamengo e Palmeiras, o São Paulo e o Internacional visam bons resultados competitivos também. O Internacional espera chegar em 4º no Brasileirão, às semi-finais da Copa do Brasil e às quartas-finais da Libertadores. O São Paulo, foi um pouco mais conservador e desenhou seu 2020 com um 4º lugar no Brasileirão, quartas-finais na Copa do Brasil e oitavas-finais na Libertadores. Em ambos os casos, difícil, mas não impossível.

Mas o que dizer de Corinthins e Atletico MG, que esperavam avançar muito mais nas competições que acabaram sendo eliminados logo na primeira etapa? Cotinthians visava alcançar as oitavas-finais da Libertadores e o Galo também acreditava que chegaria às oitavas de finais da Sul-Americana. As previsões não chegaram nem perto do resultado esperado. Para o Galo só restou o estadual e o Brasileirão (6º lugar), já para o Timão, a Copa do Brasil (expectativa de quartas de final e o Brasileirão (7º), além de sua difícil tarefa de se manter vivo no estadual.

Por fim, trago dois ótimo exemplos de previsões orçamentárias, sendo um deles bom e o outro ruim.

O Grêmio, como já é de conhecimento de muitos, vem se reestruturando e gerindo suas contas com muita sabedoria. Essa realidade pode ser vista nas suas previsões para 2020, pois trata-se da previsão mais conservadora entre os principais clubes do país. O clube gaúcho levou em consideração que seria eliminado, para fins orçamentários, nas primeiras fases dos campeonatos que que competirá. Sendo assim, não contará com recursos por passar pela fase de grupos da Libertadores e não conseguir o avanço nas oitavas-finais da Copa do Brasil ( fase em que o tricolor gaúcho ingressará na competição) e um 8º lugar no Brasileirão. Com isso, todo resultado melhor será um plus no caixa do clube.

E para finalizar, na contra-mão do Grêmio, o Cruzeiro vive um dos seus piores momentos administrativos, financeiros e políticos. O clube que disputará em 2020 a série B do Brasileiro está tendo problemas inclusive em manter o seu elenco atual. Sem apresentar as suas previsões orçamentarias e, com isso, sem projetar os seus avanços nas competições que participará nesse ano, a atual gestão apresenta uma dificuldade em administrar a instituição com transparência e organização dos demais clubes do Brasil.

Vale lembrar que os resultados esportivos previstos nas previsões orçamentárias pelos clubes apresentam apenas uma ideia matemática e desportiva de onde acreditam conseguir chegar, mas não significa que essas equipes não buscarão resultados melhores dos apresentados. Todos sempre entrarão em campo para voltar de cada competição carregando o troféu e a recompensa financeira devida ao campeão.

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