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Palmeiras não deve ser punido por briga de torcida, mas clube precisa agir

Uma emboscada de torcedores do Palmeiras contra cruzeirenses em Mairiporã, no interior de São Paulo, deixou um homem de 30 anos e 17 feridos na madrugada deste domingo (27). Durante a confusão, um ônibus foi incendiado e a rodovia Fernão Dias chegou a ficar interditada no sentido Belo Horizonte, informou a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Conforme as imagens da barbárie foram chegando às redes sociais, diversos usuários levantaram a hipótese do Palmeiras sofrer algum tipo de punição pela ação dos torcedores. Contudo, isso não vai acontecer.

Fernanda Soares, advogada especializada em direito desportivo, afirma que, do ponto de vista jurídico, não há fundamento legal para punir o Palmeiras em âmbito esportivo por conta do episódio.

“O Palmeiras não deve ser punido pelo lamentável episódio. O Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) prevê responsabilidade do clube por atos dos seus torcedores, mas esta responsabilidade é limitada ao ocorrido dentro do estádio e em seu entorno nos dias das partidas. Ainda que consideremos que o Tribunal tenha decidido recentemente que o conceito de ‘entorno’ é um pouco mais amplo do que era considerado anteriormente (com a condenação do Sport em um episódio também lamentável ocorrido a quase 8km do estádio), não acredito em possibilidade de atribuir responsabilidade ao Palmeiras pelo que ocorreu”, explica.

A advogada Roberta Codignoto, especialista em conformidade, ressaltou que os clubes devem implementar um trabalho sério e adequado de enfrentamento e combate à violência.

“As discussões sobre integridade no esporte não dizem respeito somente aos aspectos de compliance, ou seja, conformidade de processos, mitigação de riscos, etc.  É algo muito maior, que permeia a atuação de dirigentes, o comportamento dos atletas e todo o trabalho propositivo que um clube pode fazer dos portões para fora, como costumo dizer. Portanto, o clube envolvido em um episódio como o que vimos, não pode lavar suas mãos e culpar a falta de educação das pessoas, ou a falta de segurança pública.  Deve assumir responsabilidade e trabalhar num programa sério de enfrentamento, que combine medidas de educação e de aplicação de consequências, necessárias para reforçar a mensagem de que atos de violência não serão mais tolerados”, afirma.

“A comunicação clara e efetiva de que o clube não quer torcedores assim seria a primeira medida dentro dessa agenda. O custo de não agir é bem alto, como que vimos, e será preciso um enfrentamento rápido e adequado, para que esse episódio não seja mais um na triste história de violência de torcidas em nosso país”, acrescenta a advogada.

Cabe destacar que o Palmeiras é rompido com as torcidas organizadas. Em setembro do ano passado, a presidente do clube, Leila Pereira, obteve uma medida protetiva contra três membros da Mancha Verde por ameaças sofridas de perfis fakes durante uma live nas redes sociais.

Entenda a confusão

O ataque teria começado por volta de 5h20 no quilômetro 65 da Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã. Dois ônibus com torcedores de Palmeiras e Cruzeiro se cruzaram, fecharam a rodovia e partiram para a confusão com pedaços de madeira, bombas caseiras e armas de fogo.

Segundo as autoridades, todas as vítimas são torcedores de uma organizada do Cruzeiro. Quinze delas foram levadas ao Pronto Socorro Anjo Gabriel, em Mairiporã, e três encaminhadas ao Hospital de Franco da Rocha. Sete pessoas sofreram traumatismo craniano e um homem teve uma lesão por arma de fogo no abdômen, mas não corre risco de morrer.

Entre os 17 feridos, estava José Victor Miranda, de 30 anos. Ele foi levado ao hospital em Mairiporã com queimaduras graves, e acabou morrendo durante o atendimento.

De acordo com a PRF, ninguém foi preso. Os agressores fugiram antes da chegada da polícia ao local.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) acompanhará as investigações da Polícia Civil no caso.

“Tal episódio é inaceitável e representa uma grave afronta à segurança pública e à convivência pacífica em nossa sociedade”, disse o procurador-geral de Justiça Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.

Palmeiras se manifesta

“A Sociedade Esportiva Palmeiras repudia as cenas de violência protagonizadas na Rodovia Fernão Dias, na manhã deste domingo (27). O futebol não pode servir como pano de fundo para brigas e mortes. Que os fatos sejam devidamente apurados pelas autoridades competentes e os criminosos, punidos com rigor”

Mancha Verde nega envolvimento

Em nota nesta segunda-feira (28), a torcida Mancha Verde se pronunciou sobre a emboscada sofrida por torcedores da Máfia Azul, do Cruzeiro. A organizada negou qualquer participação e ressaltou que vem sendo “apontada injustamente” de envolvimento no caso, que classificou como “fatídico e lamentável”.

A torcida organizada do Palmeiras, que conta com mais de 45 mil associados, disse ainda que não pode ser responsabilizada por “ações isoladas de 50 torcedores” e que é contrária a atos de violência.

“Queremos desde já deixar claro que a Mancha Alvi Verde não organizou, participou ou incentivou qualquer ação relacionada a esse incidente. Com mais de 45.000 associados, nossa torcida não pode ser responsabilizada por ações isoladas de cerca de 50 torcedores, que desrespeitam os princípios de respeito e paz que promovemos e defendemos”, diz um trecho da nota da organizada.

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