O esporte não se separa de políticas sociais e pode ser um importante instrumento de transformações na sociedade. Nos dias 29 e 30 de setembro, o Vaticano vai realizar o Congresso Internacional “Esporte para todos: coeso, acessível e adaptado a cada pessoa”, em Roma. Uma das presenças confirmadas no encontro é Pedro Trengrouse, advogado brasileiro especializado em direito desportivo.
“Este evento é importante para promover ainda mais a dimensão social e inclusiva do esporte na sociedade como meio de desenvolvimento humano, educacional e espiritual”, enfatizou Trengrouse em conversa com o Lei em Campo.
A principal ideia do seminário é preparar uma declaração para aumentar o engajamento em torno do esporte como instrumento para a criação de um ambiente mais inclusivo numa sociedade mais coesa e acolhedora, que será assinada com o Papa Francisco.
“O esporte, principalmente o coletivo, oportuniza o encontro em prol de um objetivo, nos obriga a contar com o outro e a nos colocar no lugar do outro, competências essenciais para efetivarmos os direitos humanos. Acerta o Papa e a igreja católica quando reconhecem que os laços humanos são os motores de enfrentamento à opressão e as desigualdades sistêmicas. A ideia de um sistema jurídico mínimo para todos e todas se sustentam na compreensão de que somos todos do mesmo time”, afirma Mônica Sapucaia, advogada especialista em direitos humanos.
Em carta convite enviado a Trengrouse, o Vaticano manifestou preocupação com as dificuldades sociais catalisadas pela pandemia de Covid-19. A carta também relembrou a importância da fraternidade para enfrentar o problema e do discurso do Papa Francisco em 2020, quando o pontífice falou do papel da solidariedade em momentos difíceis.
Em 2019, participando do evento “O Futebol que Amamos” organizado pela Federação Italiana de Futebol (FIGC), o Papa disse que “a bola torna-se um meio para convidar as pessoas reais a compartilhar amizade, encontrar-se em um espaço, olhar no rosto, desafiar-se e colocar à prova suas habilidades. O futebol é um jogo de equipe, não se pode divertir sozinho! Ele pode fazer bem à mente e ao coração em uma sociedade que põe em primeiro lugar o subjetivismo, a centralidade do seu ego, quase como um princípio absoluto”.
O esporte como responsabilidade social também tem sido uma bandeira levantada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em diferentes resoluções e, no Brasil, a própria legislação reforça esse compromisso do Estado e das entidades esportivas.
“O esporte enfatiza valores importantíssimos e fundamentais, e, acima de qualquer interesse comercial, atletas e organizações esportivas, profissionais e amadores têm a responsabilidade de abraçá-los e promovê-los”, acrescentou Trengrouse, que atualmente é coordenador acadêmico do Programa Executivo FGV/FIFA/CIES em Gestão de Esporte.
Trengrause tem um envolvimento longo de pesquisa e trabalho na área social do esporte. Em 2004, apresentou como tese de Mestrado dissertação sobre a responsabilidade social no esporte. Além disso, ele vem trabalhando com a Igreja em temas relacionados. Em 2016 o advogado participou da Conferência Esporte e Fé, realizada no Vaticano, e também foi responsável pelo Seminário sobre Esporte como ferramenta para o desenvolvimento humano, econômico e social, organizado na FGV, em 2018.
Crédito imagem: Getty Images
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