A 36ª rodada do Campeonato Brasileiro poderá parar no tribunal. Logo após o término do jogo contra o Internacional em São Januário, o Vasco anunciou, em seu site oficial, que pedirá a anulação da partida na justiça desportiva. O motivo é a falha técnica do VAR (árbitro de vídeo) no lance que originou o gol colorado de Rodrigo Dourado. O Lei em Campo ouviu especialistas sobre a possibilidade de a solicitação ser aceita.
“O pedido do Vasco não deverá prosperar uma vez que o uso do VAR não é obrigatório, sendo a decisão de campo soberana. Além disso, pela regra do VAR o não uso deste não gera uma anulação da partida”, afirma Alberto Goldstein, advogado especialista em direito desportivo.
“Esse caso é diferente dos outros casos em que foram levantadas possibilidades de anulação das partidas. A diferença é que nos outros casos havia o claro descumprimento de alguma regra, no caso do Vasco não. O artigo 78 do regulamento geral de competições da CBF diz que a entidade não será obrigada a disponibilizar o equipamento em todas as partidas de uma mesma competição”, ressalta Vinicius Loureiro, advogado especialista em direito desportivo e colunista do Lei em Campo.
Para Fernanda Soares, a anulação de uma partida só deve ser feita em casos graves. “Anulação de partida é algo extremamente raro, e assim deve ser, já que prejudica muito a competição. Só ocorre quando o árbitro toma decisão contrária às regras do jogo, algo evidente e grave o suficiente para ensejar uma interferência tão forte do tribunal na competição. Interpretação do árbitro, a princípio, não enseja anulação da partida”, avalia a advogada especialista em direito desportivo e colunista do Lei em Campo.
A comentarista de arbitragem dos canais Disney e colunista do Lei em Campo, Renata Ruel, lembra que é “importante destacar que a arbitragem seguiu o protocolo que diz que se o VAR falhar a decisão de campo deve ser mantida.”
Martinho Miranda agora : “anulação não cabe. Mas a Procuradoria tem o dever de instaurar inquérito para apurar responsabilidades e punir os culpados”, pondera o advogado especialista em direito desportivo e colunista do Lei em Campo.
A polêmica aconteceu logo no começo da partida quando Rodrigo Dourado abriu o placar após um cruzamento de bola parada. Depois de alguns minutos de indefinição, a arbitragem decidiu validar o lance. A equipe responsável por comandar o VAR percebeu um problema técnico que traça as linhas no vídeo que determina se houve ou não impedimento e decidiu manter a decisão de campo. A “pane” foi classificada pela CBF como “descalibragem do equipamento”.
Em entrevista coletiva após a partida, o diretor-executivo de futebol do Vasco, Alexandre Pássaro, reclamou muito da polêmica.
“O que aconteceu hoje aqui é um absurdo. Se o VAR estivesse descalibrado, paralisasse a partida até que isso fosse checado. Como que a gente volta no tempo agora para definir o que aconteceu naquele lance? No caso foi o Vasco, mas poderia ter sido o Inter o prejudicado. Mas no fim, o prejudicado é o futebol brasileiro”
O regulamento de competições da CBF determina que, caso o VAR não possa ser acionado durante uma partida por conta de algum problema técnico, cabe à arbitragem a decisão sobre o lance.
Ainda segundo o documento da entidade brasileira, uma partida não pode ser invalidada devido a:
– Defeito (s) na tecnologia do VAR (inclusive na tecnologia da linha de gol – GLT);
– Decisão errada envolvendo o VAR (dado que o VAR é um membro da arbitragem);
– Decisão de não revisar um incidente;
– Revisão de uma situação não revisável.
Na súmula, o árbitro Flávio Rodrigues não citou o lance polêmico, tão pouco o problema técnico no equipamento. Na parte reservada para “observações especiais”, o juiz escreveu que “nada houve de anormal”.
Em comunicado divulgado há pouco, a CBF cobrou esclarecimentos da Hawk-Eye, empresa responsável pela operação dos equipamentos do VAR, e que apesar do problema, “não foi constatado nenhum erro claro da arbitragem em campo”.
Confira a nota divulgada pelo Vasco
O Club de Regatas Vasco da Gama entrará com um pedido de anulação da partida contra o Internacional, neste domingo (14), em São Januário, válida pela 36ª rodada do Campeonato Brasileiro de Futebol. Em ofício, assinado pelo presidente Jorge Salgado imediatamente após o término do confronto, e anexado à súmula do jogo, o Vasco afirma que o “VAR disfuncional não anula gol do Internacional em flagrante impedimento”.
“O que presenciamos hoje em São Januário foi mais uma repetição do ultraje que tem sido a atuação da arbitragem da CBF em nossas partidas. Pediram para retirarem uma câmera da Vasco TV, ‘descalibraram’ a linha e ironizaram nosso treinador dizendo que avaliariam as imagens ‘de casa’. Já são 18 apitos contra o Vasco, em uma disparidade desrespeitosa em relação a qualquer outro time da competição. Estou acionando a CBF por telefone hoje para uma reunião esclarecedora. Vamos requerer na justiça desportiva a anulação desse jogo”, declara Jorge Salgado.
O jurídico do Vasco já está reunindo todas as informações pertinentes para acionar o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e buscar os direitos do Clube.
Crédito imagem: Estadão
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