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Pelé: craque também no combate ao preconceito, na diplomacia e no direito

O futebol perdeu seu rei na última quinta-feira, 29 de dezembro. Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, nos deixou aos 82 anos, no Hospital Albert Einstein, na zona Sul de São Paulo, em decorrência de falência múltipla de órgãos. Tão logo sua morte foi anunciada, deu-se início a uma grande onda de homenagens Brasil afora, principalmente nas redes sociais. A grande quantidade de declarações reforça a importância que o Rei do Futebol, assim conhecido mundialmente, teve não só para o futebol, mas também ao esporte.

“Pelé foi sem dúvida e sem qualquer contestação o melhor jogador de futebol do mundo. Para o Brasil, teve uma importância ímpar, foi nosso maior e natural embaixador, nos trazia o orgulho de ser brasileiro. Ele mostrou para o mundo que homens brancos e pretos são iguais e ainda foi responsável por liderar a Lei Geral do Esporte que carinhosamente leva o seu nome. A importância da Lei Pelé para o Direito Desportivo é proporcional a importância do Rei para o Futebol! Nos brasileiros devemos muito ao Rei!”, destaca Paulo Feuz, advogado especializado em direito desportivo.

Para o advogado Marcos Motta “Pelé é o que temos de melhor no que somos os melhores”. “A camisa 10 eternizada pelo Rei sempre foi o meu passaporte diplomático no futebol. Foi ela que me abriu as fronteiras do mundo da bola”, afirma o especialista em direito desportivo.

“Pelé é o maior brasileiro de todos os tempos. Se o mundo conhece e admira o Brasil, é porque Pelé um dia existiu”, ressalta Gustavo Lopes, advogado especialista em direito desportivo.

“Além de ter sido o gênio da bola, com qualidade técnica inquestionável – e incomparável – Pelé dá nome a Lei Geral do Desporto do Brasil, que foi a responsável pela abolição do passe, que ‘acorrentava’ os atletas aos clubes. Não é exagero dizer que a partir de Pelé o futebol se transformou em entretenimento mundial capaz de gerar receitas astronômicas e atrair a atenção de todo o mundo”, destaca o advogado Mauricio Corrêa da Veiga.

“Se o futebol é um elemento de identificação do nosso país em todos os lugares do mundo, Pelé é a personificação disso. Onde quer que estejamos, tratando de futebol ou não, falar em Brasil é falar em Pelé. Isso diz muito sobre o seu significado. A sua perfeição enquanto jogador e a suas conquistas, fizeram do futebol aquilo que ele é hoje, no Brasil e no mundo.

Wladimyr Camargos, advogado especializado em direito desportivo, afirma que “Pelé teve um papel imprescindível na modernização e constitucionalização da legislação esportiva brasileira”.

“Como Ministro Extraordinário do Esporte no final dos anos 1990, Pelé dedicou-se a lutar pela extinção do instituto do passe. Lembrando que àquela época o Tribunal de Justiça da União Europeia já havia tomado essa decisão no âmbito daquele continente, justamente no julgamento do emblemático Caso Bosman. Portanto, o Brasil estava atrasado nessa tarefa. Pelé tentou inicialmente revogar administrativamente as normas referentes ao passe, por meio do antigo INDESP, autarquia que era vinculada à sua pasta. Acabou decidindo, porém, por propor ao Presidente FHC que enviasse ao Congresso Nacional um projeto de lei que tratasse do tema. Assim nasceu o que hoje conhecemos por Lei Pelé, ou seja, a Lei n. 9.615, de 1998, que, além de extinguir a ‘Lei do Passe’, acabou por se tornar a nova lei geral do esporte, substituindo a então vigente Lei Zico”, conta.

“Os principais objetivos que Pelé tinha para a nova lei eram: 1. maior participação da União no sistema esportivo; 2. a instituição do modelo empresarial na prática esportiva profissional e, como já dito, 3. a extinção do passe dos jogadores. A redação final do texto do projeto de lei coube ao agora Ministro do STF Gilmar Mendes, que naquele momento dirigia a Subchefia para Assuntos Jurídicos do Palácio do Planalto. Pelé enfrentou um poderoso lobby dos então dirigentes esportivos durante a tramitação do PL no parlamento, mas acabou conseguindo aprovar o texto bem próximo do que havia proposto, inclusive com o fim da ‘Lei do Passe’ e a obrigatoriedade de adoção do modelo empresarial pelos clubes de futebol profissional”, acrescenta Wladimyr.

Pelé nasceu em 23 de outubro de 1940, na cidade de Três Corações, em Minas Gerais. Era filho de Celeste Arantes com João Ramos do Nascimento (Dondinho), jogador de futebol com passagens pelo Fluminense e Atlético-MG.

Com apenas 17 anos, Pelé encantou o planeta com lances mágicos e gols incríveis em sua primeira Copa do Mundo, em 1958, levando o Brasil à sua primeira conquista. Feito esse que se repetiria em 1962 e 1970, tornando-se o único jogador até hoje a conquistar três vezes a Copa do Mundo.

Com a camisa da Seleção Brasileira, Pelé disputou 113 jogos e marcou 95 gols, de acordo com números da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Nas contas da FIFA, que considera apenas jogos entre seleções, são 77 gols em 91 partidas.

No Santos, Pelé estreou profissionalmente em um amistoso no dia 7 de setembro de 1956, em um amistoso contra o Corinthians de Santo André. Foram 18 anos jogando pelo Peixe, entre 1956 e 1974. Nesse período, ele conquistou 45 troféus, com destaque para os dois títulos mundiais e duas Libertadores, ambos em 1962 e 1963. Em toda a carreira, marcou 1.282 gols em 1.364 partidas na contabilização feita pelo Alvinegro.

Quase duas décadas depois de se aposentar dos gramados, Pelé se tornou ministro dos Esportes do Brasil. Ele ocupou o cargo de janeiro de 1995 a maio de 1998, no primeiro governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2001). Um dos feitos mais famosos do tricampeão dentro da política foi a criação da lei nº 9.615, conhecida como Lei Pelé. O texto foi sancionado em março de 1998 e estabeleceu novas regras para o esporte no país.

O Lei em Campo lamenta a morte do Rei do Futebol e se solidariza com os amigos e familiares nesse momento de dor. Nosso eterno agradecimento!

Crédito imagem: Getty Images

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