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Derrota automática por racismo seria avanço no futebol, desde que praticada

Gianni Infantino, presidente da FIFA, subiu o tom contra o racismo no futebol. Em comunicado, o mandatário defendeu a ideia de impor derrota automática aos clubes cujos torcedores praticarem atos racistas que causem a interrupção de partidas.

“Temos que implementar a derrota automática para o time cujos torcedores cometeram racismo e causaram abandono da partida, bem como proibições mundiais de estádios, e acusações criminais para racistas”, disse o presidente da entidade máxima do futebol.

O comunicado divulgado por Infantino foi emitido após a partida entre Udinese e Milan, realizada no último sábado (20), pelo Campeonato Italiano, precisar ser paralisada por cerca de cinco minutos devido a insultos racistas direcionados ao goleiro Mike Maignan. Os jogadores chegaram a deixar o campo, mas retornaram pouco depois.

Também no sábado, algo semelhante aconteceu na partida entre Coventry e Sheffield Wednesday, pela segunda divisão inglesa, na qual o meio-campista Kasey Palmer foi alvo de injúrias raciais.

Desde 2019, o protocolo antidiscriminação da FIFA prevê que os árbitros devem acionar um mecanismo de três etapas em casos de racismo nos estádios de futebol: paralisar o jogo para que os torcedores sejam advertidos, interromper a partida até parar as agressões e, por fim, a suspensão definitiva do jogo que pode resultar em perda de pontos da equipe denunciada.

Especialistas consultados pelo Lei em Campo entendem que é imprescindível que a cadeia do futebol esteja constantemente discutindo e aplicando políticas efetivas de combate ao racismo e proteção aos direitos humanos.

“É fundamental que a FIFA assuma o protagonismo nas discussões para o combate ao racismo no futebol, como tem feito nos últimos anos. No entanto, destaco que qualquer mudança no Código Disciplinar deve passar pelos trâmites internos de aprovação, submetendo, inclusive ao Conselho e é aplicável somente para as Competições organizadas pela FIFA e nos amistosos internacionais durante a data FIFA. Além disso, é imprescindível que as Associações Membros também sigam promovendo alterações em seus regulamentos para que, em âmbito nacional, o racismo possa ser coibido, punido e extirpado do futebol. É uma discussão que necessita do envolvimento e interesse de todos para que possa ser efetiva”, ressalta o advogado desportivo João Paulo di Carlo.

“Claro que todo discurso que combata o preconceito é importante, ainda mais vindo do topo da cadeia associativa do futebol. Agora, depois do discurso é preciso se criar uma regra e que essa regra seja seguida. O direito só se torna eficaz quando ele é efetivo. Passou da hora de políticas institucionais deixarem de ser apenas estratégia de marketing e se tornarem políticas efetivas de proteção de direitos humanos”, afirma Andrei Kampff, advogado e mestre em direito desportivo.

O goleiro francês Maignan recebeu apoio de diferentes jogadores, incluindo o brasileiro Vinicius Júnior. O atacante do Real Madrid é uma vítima frequente de racismo na Espanha e uma das principais vozes na luta contra a discriminação racial no futebol.

“Só falar não vai mudar nada. Estas são as palavras de Maignan. É hora de prender os racistas para que tenham vergonha de quem são”, escreveu Vini Jr.

Confira o comunicado completo de Gianni Infantino:

“Os acontecimentos que ocorreram em Udine e Sheffield no sábado são totalmente abomináveis e completamente inaceitáveis. Não há lugar para racismo ou qualquer forma de discriminação – tanto no futebol como na sociedade. Os jogadores afetados pelos acontecimentos de sábado têm meu total apoio.

Precisamos que todas as partes interessadas relevantes tomem medidas, começando pela educação nas escolas, para que as gerações futuras entendam que isso não faz parte do futebol ou da sociedade.

Além do processo de três etapas (partida interrompida, partida interrompida novamente e partida abandonada), temos que implementar a derrota automática para o time cujos torcedores cometeram racismo e causaram abandono da partida, bem como proibições mundiais de estádios, e acusações criminais para racistas.

A Fifa e o futebol mostram total solidariedade às vítimas do racismo e de qualquer forma de discriminação. De uma vez por todas: não ao racismo! Não a qualquer forma de discriminação!”

Crédito imagem: FIFA/Divulgação

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