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Perfil: Árbitro de Campo x Árbitro de Vídeo (VAR)

Já imaginou entrar para uma escolinha de futebol, estudar, praticar para ser jogador de campo, começar a atuar em jogos profissionais, mas de repente a tecnologia o torna um jogador virtual?

E se for um treinador, um corredor, um nadador, e, em vez de estar no campo, pista ou piscina, passar a mesclar esses ambientes com uma tela e imagens na TV?

Era esse o intuito deles quando decidiram por suas profissões, ou era somente atuar no seu “hábitat natural”?
“Um mundo virtual é um ambiente imersivo simulado através de recursos computacionais, destinado a ser habitado e permitir a interação dos seus usuários através de avatares (representações personificadas do usuário dentro do ambiente digital).” (Wikipedia)

E o árbitro de campo em relação ao de vídeo? O perfil é o mesmo, as competências são iguais, o CHA (conhecimento, habilidades e atitudes), que tanto é citado atualmente, não se torna relevante para diferenciar um do outro?

A percepção no campo muitas vezes é distinta ao ver uma imagem na tela: são ângulos e velocidades diferentes, e o conhecimento e domínio das regras alteram a análise de um lance. A pressão que sofre o árbitro de campo pode ser menor hoje do que a pressão de quem está fora, ou seja, a do árbitro de vídeo.

Há pessoas que realmente são excelentes na prática, mas na teoria o desempenho não é o mesmo, ou ao contrário, quando tiram dez nas provas teóricas, mas não alcançam a mesma performance na prática.

Entre as atividades e avaliações feitas com os árbitros de futebol, estão os videotestes. Lances de jogos são analisados em vídeo, e os árbitros precisam decidir, por exemplo, se foi falta ou não; se o cartão deve ser aplicado no lance; em caso positivo, se amarelo ou vermelho; se houve infração de impedimento ou não; se sim, por interferir no jogo, interferir no adversário ou ganhar vantagem?

O objetivo das análises e testes de vídeos está em auxiliar o árbitro no conhecimento e domínio das regras para tomadas de decisões, até então no campo de jogo. Mas nota-se que nem todos os árbitros que vão extremamente bem dentro do campo em suas decisões alcançam a mesma ação em avaliações teóricas.

Dessa forma, torna-se pertinente refletir se os árbitros que fazem um curso para ingressar na arbitragem – até o momento, estes têm o foco de atuação dentro de campo, buscando aprimorar no árbitro o domínio das regras sempre – têm o mesmo perfil dos árbitros de vídeos.

Indo além de perfil e entrando no mérito de identificação e gosto do próprio árbitro. Quantos preferem somente atuar dentro das quatro linhas e não se identificam com o vídeo? Ou quantos, de repente, constatariam que o vídeo é mais interessante, mais apaixonante do que estar em campo?

Essas análises estão sendo feitas pela FIFA e entidades nesse processo? Não há dúvida de que todos os árbitros, sem exceções, devem conhecer o processo, protocolo e procedimentos, passando por treinamentos do VAR, para que possam ter domínio dessa nova realidade do futebol. Dessa forma, se os próprios árbitros, e também os instrutores e dirigentes, identificarem se há o perfil, tudo pode ser trabalhado por meio do CHA para um árbitro de campo e/ou de vídeo. O importante é, além da análise, não ser algo imposto ao árbitro, pois todos entraram na arbitragem, até o momento, para estar no campo, e não decidindo, muitas vezes, atrás de um monitor.

Hoje a Regra do Futebol não permite a atuação no VAR sem ser por árbitros atuantes, porém, todos os anos, a International Board estuda propostas de alterações nas regras. Quem sabe ex-árbitros e instrutores não possam fazer parte do quadro do VAR ou novos cursos surjam com o intuito de formar especificamente árbitros de vídeo?

Nem todos os jogadores gostariam de deixar de estar em campo, nem todos os nadadores gostariam de deixar suas piscinas. Será que todos os árbitros gostariam de atuar como VAR?

Durante o curso de arbitragem, o aluno decidirá se será árbitro central ou árbitro assistente. A escolha é conforme o seu gosto e identificação com a função. A maioria dos árbitros não gosta de bandeirar, e grande parte dos assistentes não gosta de apitar. Por que o árbitro de vídeo não entra nessa escolha nos próximos cursos ou até mesmo entre os árbitros que já fazem parte do quadro e de repente tenham interesse em atuar somente no VAR? A arbitragem já perdeu excelentes árbitros por questões de testes físicos, condições físicas (por exemplo, Leonardo Gaciba e Wilson Seneme). No quadro atual de arbitragem, há árbitros que, em função da idade e/ou condicionamento, podem não estar sendo muito aproveitados, mas que têm experiência e vivência que certamente fazem a diferença e podem se identificar com o VAR, e dessa forma não perderiam espaço na arbitragem e contribuiriam para uma excelente execução do trabalho e legitimação do resultado.

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