Por Gustavo Goes
Que alegria é poder estrear um texto no Lei em Campo! Meu nome é Gustavo Goes, sou recém formado em Direito pela FD-USP, atualmente curso MBA em Gestão de Projetos na USP e atuo nessa área com foco em esports. Acompanho o portal desde seu lançamento há dois anos e foi uma grande felicidade para mim ser convidado para a iniciativa universitária do Lei em Campus (toda quinta-feira no canal do Youtube do Lei em Campo) e agora poder escrever para o portal!
Vou estrear minha coluna hoje comentando sobre o Íbis. Sim, o “pior clube de futebol do mundo”, esse mesmo! Você sabe onde o Íbis não pode ser chamado de pior do mundo, entretanto? No seu poder de engajar o púbico que o acompanha nas redes sociais.
A empresa de marketing Sportsvalue fez um levantamento do poder de engajamento do Íbis em suas redes e apontou que o clube pernambucano é o 4º maior do mundo em eficiência de suas postagens no Twitter. A cada pequeno tweet, o Íbis tem uma média de 11.780 interações, o que o coloca atrás apenas de Arsenal, Chelsea e Manchester United e a frente de gigantes do futebol brasileiro e internacional.
A força do Íbis nas redes sociais se deve, entre outros fatores, ao poder de controle de narrativa que o clube conseguiu obter ao se “assumir” como pior time de futebol do mundo. A alcunha traz uma série de perfis de curiosos que querem acompanhar o próximo alvo das piadas do perfil e também uma exposição exponencialmente maior que o clube conseguiria sendo só mais um dos times a disputar campeonatos de menor expressão, como a Série A2 do Campeonato Pernambucano.
Vivemos um período no esporte que a aproximação com o entretenimento é cada vez mais perceptível e importante para os clubes que querem aumentar seu poder de penetração em mercados antes inacessíveis, principalmente entre o público mais jovem. O esport já nasceu em uma realidade assim e prontamente se colocou em consonância com a linguagem própria para esse tipo de comunicação. No futebol, aqui no Brasil, muitos clubes começam a se movimentar, mas de forma ainda incipiente e sem constância, para assumir o protagonismo de suas próprias narrativas.
O Twitter é um caminho “rápido” para quem busca um engajamento que é facilmente demonstrável no número de curtidas, retweets ou contas alcançadas, mas não é nem de longe o único possível. As “TVs” dos clubes em seus canais de streaming e youtubes, a comunicação institucional, o posicionamento sobre questões sociais, a veiculação de suas próprias partidas num futuro próximo que conte com a evolução da discussão sobre a transferência do mando de transmissão para os mandantes são todas possíveis maneiras de trazer mais visibilidade para sua marca, engajar mais torcedores e por consequência tornar seu clube indiretamente mais forte.
Numa partida pelo tempo de atenção disponível, um dos bens mais escassos de nossa modernidade virtual, o Íbis – o pior time do mundo – já fez o primeiro gol. Quem será que vai ampliar o placar?
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Gustavo Goes é formado em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e cursa MBA em Gestão de Projetos na USP/ESALQ. Trabalha como Executivo Comercial no grupo W7M Investiments, é Coordenador da IB|A Académie du Sport e fundador e membro do Conselho Consultivo do Grupo de Estudos de Direito Desportivo da FD-USP.