A integridade, uma palavra cada vez mais recorrente no cenário esportivo, transcendeu o status de simples conceito para tornar-se um verdadeiro mantra. Hoje em dia, é praticamente impossível dissociar o esporte da integridade, e isso se deve em grande parte à introdução das apostas esportivas, que trouxeram consigo não apenas oportunidades de entretenimento, mas também a ameaça de manipulações de resultados por organizações criminosas, comprometendo a imprevisibilidade e a integridade das competições.
Contudo, é crucial entender que a integridade não se limita apenas ao esporte em si; ela também abrange a integridade do próprio apostador. Quando abordamos a integridade, devemos analisar o ecossistema esportivo sob duas perspectivas: a do esporte em si e a do apostador. Enquanto o esporte tem sido objeto de atenção e aprimoramento, o apostador muitas vezes é negligenciado, embora seja igualmente essencial para a integridade do cenário de jogos.
Dados da American Gaming Association revelam que cerca de 85% dos adultos nos Estados Unidos já participaram de alguma forma de jogo em suas vidas, mas uma parcela desses jogadores está em risco de desenvolver problemas de jogo compulsivo. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que 1,5% da população sofra de algum transtorno relacionado ao vício em jogos de azar, sendo a maioria do sexo masculino, com idade entre 30 e 50 anos. Os custos sociais e econômicos associados ao jogo problemático são significativos, alcançando bilhões de dólares anualmente, conforme estimativas da Organização Mundial da Saúde.
Para lidar com esses desafios, muitos países têm implementado medidas abrangentes de proteção ao jogador, como a oferta de recursos de auto-exclusão e o desenvolvimento de ferramentas de jogo responsável. No Brasil, a Lei 14.790/23 estabeleceu diretrizes para a adoção de políticas de jogo responsável e prevenção aos transtornos de jogo patológico, demonstrando o reconhecimento da importância da integridade do apostador.
A inteligência artificial também desempenha um papel crucial na preservação da integridade do apostador, por meio da análise de dados para identificar padrões de jogo problemáticos e intervir precocemente. No entanto, apesar desses esforços, ainda há muito a ser feito para proteger efetivamente os jogadores contra práticas prejudiciais.
É fundamental que governos, reguladores, empresas de jogos e organizações de saúde mental trabalhem em conjunto para desenvolver e implementar políticas e programas eficazes de prevenção e tratamento do vício em jogos, garantindo um ambiente de jogo seguro e responsável para todos os envolvidos. O Brasil está avançando nesse sentido, com o Ministério da Fazenda e o Ministério da Saúde trabalhando em diretrizes para o mercado regulado de jogos, visando fornecer orientações claras tanto para operadores quanto para os próprios jogadores.
Em última análise, é essencial promover uma cultura de jogo responsável, na qual o prazer do jogo seja desfrutado com moderação, enquanto os riscos de excessos são minimizados. A integridade do apostador é parte integrante desta equação, assegurando que todos os participantes possam desfrutar dos jogos de forma segura, justa e ética.
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