A nova temporada do campeonato italiano começa nesta semana. A Juventus, atual campeã, estreia sábado, fora de casa, contra o Parma. Na segunda rodada, clássico contra o Napoli no Allianz. Os ingressos estão à venda, menos para quem mora na Campânia, região sul da Itália, que tem Nápoles como capital.
A restrição vem gerando polêmica e já foi mais severa. Assim que abriu os lotes, a equipe de Turim anunciou que os residentes e até mesmo os que nasceram naquela região não poderiam adquirir os bilhetes para assistir ao clássico. Após a repercussão negativa, inclusive pelo fato de o técnico Maurício Sarri ter nascido em Nápoles, a Juventus limitou a proibição para aqueles que moram na Campânia.
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Nas décadas de 60 e 70, a Itália viveu uma forte migração do sul para o norte, e desde então, sempre houve essa rivalidade entre as regiões. A prefeitura de Nápoles emitiu nota descrevendo tal medida como “discriminação territorial e social”. Tal declaração foi reforçada por Roberto De Matteis, chefe de polícia de Turim: “Uma medida dúbia e discriminatória que também poderia ter um valor racista”.
Para Vinicius Calixto, especialista em direito esportivo, diante desse histórico, “essa imposição viola os principais dispositivos normativos que regulam o futebol internacionalmente. Tanto o Estatuto da FIFA como a Carta Olímpica, da qual a entidade faz parte, estabelecem vedação à discriminação por nacionalidade e local de origem”.
A Juventus, no entanto, se defende afirmando que tal medida foi tomada pelo histórico de violência da torcida napolitana. O clube alega que a partida está na categoria de jogos de risco, já que são muitos episódios de tumulto e vandalismo nos estádios, como o ocorrido em dezembro passado nos arredores do San Siro. Antes do jogo contra a Inter de Milão, válido pela 18ª rodada do Campeonato Italiano, um torcedor milanês foi atropelado por uma van cheia de torcedores do Napoli.
“Não deixa de ser um ato discriminatório. A Juventus pode não ser responsabilizada na esfera civil ou criminal, mas pode sofrer sanções esportivas”, reforça Vinicius Calixto.
Toda a questão forçou os órgãos legais da Itália a se posicionarem. O Grupo Operacional de Segurança (GOS) se reuniu às pressas e determinou que os ingressos não podem ser vendidos apenas aos moradores da Campânia nem por escritórios da região. Mas torcedores napolitanos residentes em outras regiões estão autorizados a assistir à partida caso queiram.