O atleta de MMA Luis Hernandez pode ter acabado de estabelecer um novo recorde ao nocautear rapidamente (1 segundo) seu oponente, Brian Topp, no Titan FC 83, em uma luta que terminou instantaneamente com um chute na cabeça.
Porém, a finalização rápida está causando debate. Quando os lutadores se encontraram no meio do cage, parecia que Hernandez estava gesticulando para um toque de luva.
Por outro lado, pode-se argumentar que ele estava apenas com a mão esticada para aumentar a distância, não parecendo um gesto tão flagrante quanto muitos toques de luva falsos já vistos antes.
De qualquer forma, Topp foi pego desprevenido e isso resultou em uma finalização rápida com um chute na cabeça.
É claro que o risco de tocar as luvas durante a luta é que seu oponente pode usar isso a seu favor. Não há nenhuma regra que obrigue seu oponente a não atacar antes do toque de luvas, portanto ele pode simplesmente rejeitar o gesto e golpear.
É uma regra bem conhecida e não-falada que um lutador não deve atacar seu oponente durante um toque de luvas. Infelizmente, nesse caso, Hernandez pode ter usado isso a seu favor para obter a vitória.
Cumpre trazer à baila o sempre reforçado – e necessário – discurso inicial de um árbitro de esportes de combate antes do início de uma luta[1]:
Muito bem, senhores, já falamos sobre as regras.
Vamos fazer uma luta limpa, obedeçam às minhas instruções e protejam-se o tempo todo. Toquem as luvas, se quiserem, e voltem para seus cantos” (tradução livre).
Essas são as instruções que o árbitro dá aos lutadores no meio do ringue antes do início de uma luta de boxe ou MMA.
Pode-se observar que, logo antes da luta, os lutadores são lembrados de que os espectadores querem desfrutar de uma luta limpa e de alto nível.
Cumpre destacar que há a devida ênfase na necessidade de que os atletas se protejam o tempo todo, sob pena de ser caracterizada a falta de “defesa inteligente”, o que pode resultar no encerramento do combate. Sobre “defesa inteligente” no MMA, no meu ponto de vista pessoal, tal conceito pode ser dividido da seguinte forma:
1 – O lutador busca se defender dos ataques – Isso significa que o atleta está tentando bloquear os ataques ou agarrando-se ao adversário para restringir a capacidade de ataque dele etc. Esse é provavelmente o mais importante dos três, e certamente o mais óbvio, mas de forma alguma o único requisito.
2 – O lutador responde ao árbitro – Os árbitros de se comunicam com os lutadores. Os lutadores que não atendem às instruções do árbitro ou não respondem ao árbitro, seja verbalmente ou com um sinal de positivo, geralmente estão tão atordoados que não deveriam estar mais lutando ou podem ter sofrido uma lesão.
3 – Tentativas de melhorar a posição – Apenas se defender não é suficiente, já que virar de costas, por exemplo, não é se defender de forma inteligente. Colocar as mãos para cima com a esperança de que o oponente interrompa o ataque não é suficiente. Quando um lutador está encurralado, ele pode não estar recebendo muita punição, mas é apenas uma questão de tempo até que venha o golpe derradeiro. Geralmente, quando esse tipo de coisa acontece, um bom árbitro avisa ao lutador que ele precisa melhorar a posição ou interromperá a luta. Se o atleta continuar encolhido ou encurralado contra a grade levando golpes, o árbitro deve fazer a interrupção.
Outra coisa é que o discurso inicial do árbitro deixa claro que há a opção do toque de luvas pelos atletas antes do início do combate, o que torna desnecessário que eles se cumprimentem novamente ao ser liberada a contenda, não se expondo ao risco de levar um golpe que encerre o combate rapidamente.
Vale lembrar que lutadores também usam o toque de luva como uma forma de demonstrar respeito, para significar que não importa como a luta termine e não importa o que tenha sido dito anteriormente, tudo faz parte do show e o respeito é a única coisa que importa no fim do dia.
Muitas vezes, um toque de luva também pode ser usado como um gesto de desculpas, como depois de um golpe acidental na virilha ou de uma cutucada no olho. É uma alternativa à reverência nas artes marciais asiáticas.
A questão é que os esportes de combate são baseados na necessidade de agressão entre as partes, que estão ativamente tentando ferir umas às outras.
Isso significa que há um potencial ilimitado de danos, que variam de concussões a ossos quebrados, cortes, contusões ou até mesmo a morte.
Os lutadores devem se esforçar para sofrer o mínimo de danos possível, tentando se proteger ativamente durante todo o tempo em que estiverem na arena de combate.
O árbitro, como falado, tem o direito de encerrar o combate se um dos combatentes não conseguir se defender em qualquer momento da luta.
Proteger-se o tempo todo significa que, enquanto a luta estiver em andamento, você é responsável por sua segurança, assim como é responsabilidade, e necessidade, do seu oponente agredi-lo.
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[1] ASMARADHANI, Ahmad Idris. 1 Misconceptions of Cage Fighting and the Aspects of Character it Brings. Academia.edu, Site, p. 5, 8 maio 2015. Disponível em: https://www.academia.edu/14885871/Misonception_of_Cage_Fighting_and_Aspects_of_Character_It_Brings?auto=download. Acesso em: 22 jul. 2023.
