O Football Leaks e o canal francês France 2 divulgaram, no fim de 2018, que os jogadores do time de futebol francês Paris Saint-Germain estão agradecendo o apoio da torcida com palmas ao fim dos jogos não por espontaneidade, mas por cumprimento de cláusulas contratuais que lhes rendem um bom dinheiro.
Em um documentário sobre a equipe francesa, os canais mencionaram que alguns jogadores estão recebendo “bônus por ética” para que, entre outras coisas, aplaudam e cumprimentem os torcedores do clube ao final das partidas. Os valores variam de jogador para jogador, mas alguns números foram divulgados: Neymar estaria recebendo algo em torne de R$ 1,6 milhão de reais por mês, Mbappé algo próximo a R$ 500 mil reais, e Cavani, Di Maria e Daniel Alves estariam recebendo aproximadamente R$ 300 mil reais cada.
O clube francês, após a divulgação dos bônus e seus respectivos valores, alegou que essas bonificações são originárias de um Código de Ética da equipe e que seus recebimentos estão atrelados não apenas aos cumprimentos e palmas para a torcida, mas também à pontualidade, à não participação em apostas em competições que o PSG esteja disputando e ao respeito à imprensa.
A postura adotada pelo PSG tem gerado na França, na Europa e no mundo debates intensos sobre o “bônus ético criado pelo clube. Será a melhor maneira de disciplinar os “bons valores” ou “valores éticos” dos atletas pagando? Se não fossem pagos, os atletas não agradeceriam o apoio da sua torcida após os jogos? Não seria razoável punir ou multar os jogadores que tivessem condutas aéticas?
Mas para que serve um Código de Ética?
Originária da palavra grega éthos, que significa “caráter moral”, significa costumes, hábitos, crenças ou comportamentos de determinados grupos que acabam por defini-los. Com isso, Código de Ética é um conjunto de regras que servem para nortear as condutas no sentido que se almeja.
No mundo corporativo, os códigos de ética estão há muitos anos sendo uma ferramenta gerencial que tem permitido uma padronização nos comportamentos dos seus empregados e parceiros, além de tornarem os ambientes de trabalho mais agradáveis e produtivos. Cria-se um padrão de comportamento, com regras objetivas, para todos que fazem parte do grupo.
Sem dúvida os objetivos do PSG, com a adoção desse Código de Ética, são exatamente os mesmos que qualquer grande ou pequena companhia buscam, mas com uma diferença: no mercado corporativo, os valores éticos são tratados com naturalidade, punindo os aéticos (errados). A proposta do PSG é muito diferente: premiar atitudes éticas e de bons costumes com dinheiro, tratando como naturais os hábitos imorais e antiéticos.
Não existe uma receita que seja mais ou menos eficiente para disciplinar ou estimular boas condutas dentro de uma empresa, mas o importante é que a busca por atitudes éticas e moralmente adequadas não se dê por meios questionáveis, pois não me parece razoável que possamos comprar a moral ou a ética de alguém.