Por Renata Ruel
O livro de Regras do Jogo é como uma bíblia para o árbitro, mas sempre digo que ninguém pode apitar um jogo com ele embaixo do braço.
A arbitragem vai muito além do livro de regras; o árbitro tem que ter feeling, “sentir” a partida, saber fazer leitura de jogo e, para não ser pego de surpresa, fazer o que chamamos de antecipação mental.
Na estreia do Flamengo no Campeonato Carioca, a grande questão, antes de um pênalti marcado a seu favor, foi a saída completa da bola pela linha de meta/fundo.
O árbitro, o árbitro assistente e o árbitro assistente adicional (este com a sigla AAA) precisam antecipar a jogada, fazer uma leitura de jogo prevendo aonde possivelmente a bola irá e a próxima jogada poderá acontecer, buscando um melhor posicionamento para não ficar “vendido” no lance.
Na própria regra há diretrizes de posicionamento para a arbitragem, mas também diz que são recomendações, e não posições obrigatórias – o árbitro não pode ser um robô em campo.
No jogo do Flamengo, a árbitra adicional se posicionou de forma que atrapalhou a jogada de linha de fundo. Quando a bola sai, ela está sendo tocada pelo jogador, desequilibra-se e dificilmente veria a bola sair nesse instante. Deveria ter aberto o posicionamento na jogada, para ter uma visão mais ampla e não interferir no lance.
Porém, o assistente deveria estar posicionado na linha de fundo; como a árbitra adicional não conseguiu ver a bola, o assistente poderia ter ajudado e marcado essa saída (que é um dos seus deveres, segundo a regra).
Já o árbitro, em relação à penalidade assinalada, estava bem posicionado para poder marcar a infração, que ocorreu após a saída de bola.
Arbitragem vai muito além do Livro de Regras, o árbitro não pode ser um robô em campo. Um bom posicionamento faz toda a diferença para um acerto ou equívoco.